segunda-feira, 20 de abril de 2020

Bolsonaro deixa 5.5 milhões sem conta em banco fora do auxílio emergencial para o coronavírus

Brasileiros que tem direito ao auxílio emergencial, mas não estão no Cadastro Único, não têm conta em banco ou acesso à internet não estão conseguindo ter acesso ao benefício de 600 reais liberado pelo governo.
Entre os economistas, é praticamente um consenso que o benefício para desempregados, autônomos e informais de baixa renda é essencial para evitar o colapso das milhares de famílias que ficaram sem rendimento durante o período de isolamento social. Mas fazer com que o benefício chegue a quem não tem acesso é um desafio burocrático que faz com que muitas pessoas fiquem perdidas no processo.
Primeiro era preciso inscrever 11 milhões que não estavam no Cadastro Único do governo, têm direito ao benefício,de acordo com o Ipea. Agora é preciso fazer o pagamento. Para quem não tem conta em banco, a Caixa Econômica Federal prometeu criar 30 milhões de poupanças digitais, movimentadas via aplicativo. Mas nem todo mundo tem acesso a isso também.
Mais de 5,5 milhões de brasileiros com renda de até meio salário mínimo não têm conta em banco ou acesso à internet, mostra pesquisa do Instituto Locomotiva, encomendada e publicada pelo jornal Estado de São Paulo. Essa parcela da população, quase “invisível” para quem não faz parte dela, é a que mais precisa do auxílio e também quem mais corre o risco de ficar sem.
“A crise do coronavírus tirou renda e jogou para a pobreza muita gente que tinha pouco, mas não era alvo de programas sociais. O vírus joga luz a problemas que já existiam, como a baixa renda dos informais, e acentua uma desigualdade histórica”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, ao Estadão.
No Rio, uma associação de camelôs cadastra e faz o acompanhamento do pedido de benefício para colegas sem internet ou conta em banco. “Fazemos o pedido e monitoramos o andamento”, disse a ativista Maria de Lourdes do Carmo. “Se a gente não se unir, todo mundo vai sofrer.”
“A ajuda vem de ONGs e associações que nunca tiveram a simpatia deste governo”, conta o diretor da FGV Social, da Fundação Getulio Vargas, Marcelo Neri. “É preciso agir: a crise chegou após cinco anos de aumento da pobreza. No fim de 2019, a desigualdade de renda do trabalho, enfim, parou de subir, mas deve voltar a crescer.” 
Na sexta (17), a Caixa Econômica Federal informou que 9,1 milhões de pessoas que se inscreveram para o programa pelo aplicativo ou site receberiam a parcela de R$ 600 até essa segunda (20).
O banco ainda não se pronunciou sobre uma solução para as pessoas sem acesso à internet ou conta.
Fonte: Revista Fórum

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