segunda-feira, 11 de março de 2019

Cercado de escândalos, Bolsonaro espalha fake news e ataca jornalista

Jair Bolsonaro definitivamente não sabe lidar com críticas. Ao ser eleito ele ameaçou opositores com prisão ou exílio. Agora, com pouco mais de dois meses de governo, Jair deixa claro que não tem compromisso com a liberdade de imprensa no Brasil. Ao divulgar uma falsa notícia em seu perfil no Twitter, Bolsonaro promove um verdadeiro linchamento virtual, por parte de seus seguidores, da jornalista Constança Rezende, do jornal Estadão. O PT, inclusive, divulgou nota em que reafirma compromisso com a liberdade de imprensa e reafirma que vai atuar frontalmente para combater os abusos contra a democracia promovidos pelo atual governo seus aliados.
No tuíte, publicado neste domingo (10), Jair endossa a fake news do site Terça Livre, que segundo o Estadão, atribuiu a jornalista a declaração de que ela teria intenção de “arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente”. O texto da falsa notícia, inclusive, é assinado por Fernanda Salles Andrade, assessora do deputado estadual de Minas Gerais Bruno Engler do PSL, mesmo partido de Jair, segundo a Exame.
Ao reproduzir a fake news, Bolsonaro afirmou que “querem derrubar o governo com chantagens, desinformações e vazamentos”. O filho de Jair é investigado por conta de um esquema de desvio de salários de servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando era deputado estadual. Além disso, Flávio e o pai possuem envolvimento com milícias.
Após a publicação de Bolsonaro, a repórter do Estadão foi alvo de ataques e ofensas e cancelou sua conta no Twitter.  No ataque, Jair, inclusive, lembra que Constança Rezende é filha do também jornalista Chico Otavio, repórter do O Globo. O profissional, por sua vez, investiga a atuação dos grupos milicianos no Rio de Janeiro.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgaram uma nota condenando Bolsonaro. Para a OAB e a Abraji, Jair tem a intenção de intimidar o trabalho dos jornalistas e promover um ataque à “imprensa livre e crítica”, que seria um dos “pilares da democracia”. As entidades destacaram que Bolsonaro fez um “novo ataque público à imprensa” com base em “informações falsas”.
A OAB e Abraji consideram que a atitude de Bolsonaro revela o “descompromisso com a veracidade dos fatos, o que em si já seria grave, mas também o uso de sua posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e jornalistas, uma atitude incompatível com seu discurso de defesa da liberdade de expressão”.

Bolsonaro é corresponsável por ataques

O ataque  à jornalista e ao Estadão foi criticado pelos veículos de imprensa do país. A Folha de S.Paulo publicou matéria em que aponta que Jair divulgou “relato deturpado” de conversa de Constança. O Globo, por sua vez,  afirmou que Bolsonaro “compartilha texto com falsa acusação”. O jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, lembrou que Jair “tornou-se corresponsável por qualquer ataque, ameaça e agressão contra” a jornalista.
Segundo Sakamoto, a publicação da fake news já é inaceitável em qualquer contexto, “mas partindo do principal funcionário público do país é um caso que deveria ser analisado pela Procuradoria-Geral da República e pela Justiça”. O jornalista lembra que um presidente da República não pode “usar a posição privilegiada em que está para ir contra a integridade física e psicológica de qualquer cidadão”. Ao publicar a falsa denúncia, Bolsonaro legitima os ataques que seus seguidores fazem aos críticos do seu governo.

Governo quer atacar investigação de milícias

O ataque de Jair guarda também a intenção de deslegitimar o jornalista Chico Otavio. O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) lembrou que Bolsonaro agride os jornalistas em meio às denúncias sobre o suposto envolvimento dos filhos com milícias do Rio de Janeiro, suspeitas de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), e ao escândalo das candidaturas laranjas de seu partido, o PSL.
Desde as Eleições 2018, o jornalista do O Globo tem denunciado o envolvimento de milicianos com a política. Em reportagem publicada em setembro, Otavio apontou que o “Rio tem 300 currais eleitorais do tráfico ou milícia”. O profissional também foi responsável pela matéria que revelou os milicianos alvos de operação foram homenageados por Flávio Bolsonaro em 2003 e 2004.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Rede Brasil Atual, Estadão,  UOL e Exame

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