sexta-feira, 20 de abril de 2018

Nobel da Paz e Boff são impedidos de visitar Lula em Curitiba

O ativista argentino e Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquível, deslocou-se para Curitiba a fim de inspecionar as instalações do prédio da Superintendência da Polícia Federal e ver o antigo amigo Lula, que ali é mantido como preso político. No entanto, a Justiça do Paraná não autorizou sua entrada.
Um dos expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, reconhecido internacionalmente por sua defesa incansável dos direitos humanos e dos povos oprimidos, o escritor e teólogo Leonardo Boff esperou sob sol forte, sentado em uma cadeira do lado de fora do prédio, aguardava autorização para dar um abraço em seu amigo de anos. Tampouco conseguiu autorização para entrar.
“Uma juíza com uma cabeça muito pequena não permitiu que um Prêmio Nobel da Paz e eu, seu amigo, pudéssemos entrar para dar-te um abraço. Negaram a nossa humanidade e a tua. Por isso, estou indignado, mas tenho esperança, que é a última palavra. Tenho a esperança que você irá para o lugar que te pertence!”, afirmou o teólogo na tarde desta quinta-feira (19).
Comissão de senadores que inspecionaram as instalações no prédio da Polícia Federal nesta semana constatou que as acomodações são adequadas, mas que preocupa o isolamento em que Lula é mantido. Isso vai contra a Lei de Execução Penal, a Constituição e as Regras de Mandela invocadas por Esquivel. Em sua decisão, a juíza Carolina Lebbos, que constantemente tem negado visitas a Lula, alegou que não há urgência para autorizar a visita para a inspeção, como foi solicitado por Boff e Esquível anteriormente.
Ex-preso político da  ditadura militar argentina, fundador em 1962 do Serpaj (Servicio Paz y Justicia), que tem status consultivo na UNESCO, integra o sistema de ONGS da  ONU na categoría Grau 2 desde 1986, Esquivel recebeu em 1987 o prêmio “Mensageiros da Paz” e a distinção “  Educação para a Paz”.
Assim que confirmou seu período de estadia na capital paranaense, suas advogadas protocolaram dois documentos junto ao judiciário do Brasil no Paraná, com relação a visita ao ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva na prisão. No primeiro documento, Esquivel formalizou pedido para visitar Lula no cárcere, no dia estipulado para visitas da família e amigos. O representante do Ministério Público Federal deu parecer no sentido de que a visita deveria ser deferida após consulta a Lula.
Por meio de seu advogado, Lula rapidamente respondeu que não só autorizava, como desejava ver o amigo argentino nesta quinta-feira. Esquivel protocolou também uma comunicação de inspeção, com anotação de urgência. Baseada nas Regras Mínimas para Tratamento de Presos da ONU, que regula questões humanitárias como o isolamento solitário e a redução de alimentação.
Leonardo Boff aguarda em frente ao prédio da Superintendência da Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira em Curitiba-PR, para ver o Lula
Durante todo o dia, dois dos maiores defensores dos direitos humanos, da dignidade e do povo brasileiro aguardaram em Curitiba por uma decisão da Justiça para visitar o presidente que mais fez pelos que mais necessitam no Brasil. Não conseguiram autorização.
“Esperamos muitos dias, até o dia de hoje. Estivemos com o superintendente, mas a informação é que está negada. Não permitem nem a mim nem a Leonardo Boff visitar Lula. Isso é grave, porque estão cortando o direito de Lula receber visitas. Nos preocupa também porque Brasil está vivendo um estado de exceção. Lamento muito que não respeitem o direito das pessoas, que não possamos conversar”, afirmou Esquivel. “Para mim Lula é um preso político.”
No final da tarde, o argentino se pronunciou no acampamento da vigília democrática Lula livre, denunciando a situação. “Estou aqui para trazer solidariedade e apoio. Vim ter uma entrevista com Lula, mas, lamentavelmente, foi negada pela juíza. Nos informaram agora que não há possibilidade de vê-lo. Seguiremos acompanhando a luta”, anunciou.
Em sua avaliação, hoje o Brasil vive um estado de exceção, marcado pelo golpe contra a presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff e pela perseguição ao ex-presidente Lula.”Temos que pensar o tipo de democracia que temos, não só no Brasil, mas naAmérica Latina. Vamos seguir com a campanha internacional até que Lula recobre a liberdade! Lula Livre!””
Por conta de todos os esforços e de uma vida dedicada à luta por um Brasil mais igual, Esquivel é um dos principais nomes na campanha pela indicação do ex-presidente ao Prêmio Nobel da Paz. “Lula fez um grande esforço de tirar da pobreza extrema mais de 30 milhões de pessoas, e por isso, proponho que seja candidato ao Nobel da Paz.”
Em seguida, leu uma carta que será entregue ao ex-presidente:
“Forte abraço companheiro Lula. Tratamos de poder te visitar com Leonardo Boff, mas a juíza negou a autorização. Apesar dessa atitude discriminatória e violadora de seus direitos, o mundo te conhece e se mobiliza por sua liberdade. Forte abraço e esperança, conte nossa solidariedade e apoio”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, de Curitiba
Fonte: PT

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