segunda-feira, 7 de março de 2016

Caravana Socioambiental dos Bispos do Nordeste Regional II realiza visita as obras de Transposição do Rio São Francisco

Momento de acolhida, na Barragem Armando Ribeiro, em Itajá (Fotos Cacilda Medeiros)
Momento de acolhida, na Barragem Armando Ribeiro, em Itajá (Fotos Cacilda Medeiros)
Eram 7 horas da manhã desta segunda-feira, 29, bispos, padres, religiosos, leigos e representantes de organismos do governo federal já se concentravam ao lado da parede da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no município de Itajá (RN). Era o início da viagem da ‘Caravana Socioambiental em visita às obras de integração das bacias do Rio São Francisco.
A acolhida foi feita pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. Logo no início, ele lembrou o significado bíblico da água, destacando que essa palavra (água) aparece 93 vezes na Sagrada Escritura, sendo 60 vezes no Antigo Testamento e 33 no Novo. Nas palavras de acolhida, Dom Jaime se inspirou em um discurso proferido pelo Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, conhecido como o ‘Profeta das Águas, por ocasião da inauguração do Canal de Pataxó, 29 de março de 1996.
Ainda, na Barragem Armando Ribeiro, houve uma celebração, dirigida pela Diocese de Mossoró. Após a celebração, a Caravana seguiu viagem.
Visita a Oiticica

Visita da Caravana às obras da Barragem Oiticica
Visita da Caravana às obras da Barragem Oiticica
Após percorrer cerca de 100 quilômetros, o grupo, coordenado pelo Arcebispo de Natal, chegou a Barragem Oiticica, no município de Jucurutu. O reservatório ainda está com 35% das obras concluídas. A parada foi na Comunidade Barra de Santana, que ficará coberta pelas águas, quando a barragem estiver pronta. Lá, a Caravana, reunida na capela,  foi acolhida pelo bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz. “Desde que cheguei a Caicó, tenho acompanhado a construção da barragem e a luta dessa comunidade. Tenho sempre a sensação de um perigo e de uma oportunidade. O desejo das pessoas pela construção dessa barragem começou há uns 50 anos. O perigo é: e se agora for apenas mais um momento nessa história? A oportunidade está na esperança de que, se concluída, é a garantia de água para o Seridó”, disse Dom Antônio.
Depois, o grupo ouviu a jovem Érika Nayara, representando a comunidade.  Segundo ela, o sentimento das famílias que residem na Barra de Santana, hoje, é de angústia e de preocupação. “Vivemos angustiados, diante de tantas promessas feitas pelo governo federal e estadual, e não são cumpridas. É angustiante porque, hoje, temos nossas casas, mas, e amanhã, quando a barragem estiver pronta e encher, onde vamos morar? Há o Alto do Paiol, com a promessa de que construirão nossas casas lá, mas até agora nada foi feito”, desabafou a jovem.
No final da conversa, em Barra de Santana, o secretário geral de infraestrutura hídrica do Ministério da Integração, Osvaldo Garcia, informou que, pelo menos, o processo de licitação para a construção do cemitério da nova Barra de Santana já está andamento, junto ao governo estadual. Ele também ressaltou que, de primeiro de janeiro deste ano para cá, já foram liberados 18 milhões de reais para as obras de Oiticica. “Desse total, seis milhões são para indenização”, ressaltou o secretário.
Chegada a Paraíba
A programação foi encerrada com missa, na Catedral de Cajazeiras
A programação foi encerrada com missa, na Catedral de Cajazeiras
Depois de visita a Barragem Oiticica, o grupo seguiu para Caicó e, de lá, rumou para o Estado da Paraíba. O encerramento do primeiro dia de atividades da Caravana Socioambiental aconteceu na Catedral da Diocese Cajazeiras, com missa presidida pelo Bispo Diocesano de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz, e concelebrada pelos demais bispos e padres presentes na comitiva. A homilia foi proferida pelo Bispo da Diocese de Mossoró, Dom Mariano Manzana. Em sua fala, ele destacou o programa de cisternas, que permitiu que famílias pobres pudessem armazenar água. “A Igreja está em luta junto ao povo, em busca de soluções para esta problemática da água. Sabemos que a saída para vencer esta situação é a união entre todos”, frisou.
Ao final do primeiro dia, o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, fez uma avaliação positiva dos trabalhos. “Saímos cedinho de Natal, com destino à Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Itajá. Depois, visitamos as obras da Barragem de Oiticica, em Jucurutu, que já está 35% concluída. Também tivemos a oportunidade de um momento de convívio com as famílias da Comunidade de Barra de Santana, que neste momento está sendo afetada pela construção das obras da Barragem, principalmente do ponto de vista jurídico e patrimonial, uma vez que a comunidade será inundada com a conclusão das obras da Oiticica. A urgência, neste momento, é para que estas pessoas sejam respeitadas”, alertou. Cerca de quatro mil pessoas residem no local e uma das principais queixas é a construção de um cemitério, que ainda não foi concretizada e, por essa razão, as famílias têm que levar os falecidos para outras cidades.


Caravana Socioambiental visita obras na Paraíba e no Ceará

Barragem Engenheiro Ávidos (Fotos: Cacilda Medeiros)
Barragem Engenheiro Ávidos (Fotos: Cacilda Medeiros)
Nesta terça-feira, primeiro de março, segundo dia da Caravana socioambiental de visita às obras de Integração do São Francisco – Eixo Norte, a programação iniciou com uma ida à Barragem Engenheiro Ávidos, no município de Cajazeiras (PB). O reservatório foi construído em 1936 e será um dos que receberá águas do Rio São Francisco. Dele, seguirá água para a Barragem Oiticica, em Jucurutu (RN).  Segundo o secretário geral de infraestrutura hídrica do Ministério da Integração, Osvaldo Garcia, a Barragem Engenheiro Ávidos é um dos 24 reservatórios que passarão por revitalização para receber as águas do Velho Chico. “Aqui, devem chegar cerca de 6 mil metros cúbicos por segundo, no final de linha. Uma parte ficará para uso do estado da Paraíba e o restante será para uso do estado do Rio Grande do Norte”, explicou o secretário. Ainda de acordo com Osvaldo, as obras em Ávidos serão concluídas até o final deste ano e a previsão para a chegada da água do São Francisco é até o final do primeiro semestre de 2017.

Vila Produtiva Cacaré
No final da manhã, o grupo foi seguiu viagem, percorrendo vários quilômetros, enfrentando poeira e estrada de barro, até chegar à Vila Produtiva Cacaré, no município de São José de Piranhas (PB). Trata-se de uma vila composta por 120 casas, que serão habitadas por famílias que residem na faixa de obra de implantação do Projeto de Integração do Rio São Francisco.
Cada família receberá cerca de cinco hectares de terra, sendo um destinado à irrigação.

Barragem Jati
Barragem Jati
Barragem Jati
No início da tarde desta terça-feira, a Caravana, formada por cerca de cem pessoas, entre bispos, padres, religiosos, leigos e representantes de organismos do governo federal, seguiu para aBarragem Jati, no município de Jati (CE). É um reservatório construído para receber as águas do São Francisco e, de lá, partirá o canal que levará a água para os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Com capacidade para receber  28 milhões de metros cúbicos de água, o reservatório está com 85% das obras concluídas.
A previsão do Ministério da Integração  é de que a água do São Francisco chegue a Jati até julho do próximo ano. “Não sou engenheiro, mas tenho a impressão de que a obra não está pronta até lá, para receber as águas. Mas, claro que uma obra com uma grandiosidade dessas também tem problemas. Nessa hora, precisamos ver o custo-benefício. Entre os prejuízos que se tem numa construção com essas e o grande benefício, que é atingir as famílias, as regiões marcadas pela seca, com certeza o benefício vai ser maior”, observou o bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz.

Vila Produtiva Retiro
O segundo dia de atividades da Caravana encerrou na Vila Produtiva de Retiro, no município de Penaforte (CE), que conta com 30 casas, já habitadas. A programação iniciou com visita a algumas famílias, que já utilizam o terreno da casa para o cultivo de verduras e frutas. Após, os caravaneiros puderem relatar as experiências vividas ao longo do dia e participar da celebração da Palavra.
Para o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, essas ações têm confirmado que esta iniciativa tem sido produtiva. “Tudo isso é positivo, porque nos traz uma ideia concreta do que seja o projeto do Rio São Francisco. Nós estamos vendo concretamente o que é o projeto. Não só a parte física, mas também uma dimensão socioambiental, com a construção dessas agrovilas”, avaliou.
Segundo o presidente da associação da Vila de Retiro, Antônio Taveira, natural de Salgueiro (PE), esta iniciativa das vilas produtivas tem sido positiva. “Para a gente, tem sido maravilhoso. Estamos aqui há seis meses. É um processo de adaptação, mas temos o acompanhamento do governo. Aqui é uma comunidade, mas vivemos como em um meio urbano”, diz. Ainda de acordo com Antônio, com a conclusão das obras de integração das bacias do Rio São Francisco, será possível a ampliação da produção. Atualmente, o cultivo é feito dentro do território das casas.
A programação da caravana segue com o terceiro dia de atividades nesta quarta-feira (02). Na parte da manhã, os participantes seguirão para Salgueiro (PE), onde terão um momento no escritório regional do Ministério de Integração Nacional. À tarde, será feita uma visita à Estação de Bombeamento 1, com passagem pelo Rio São Francisco e, após, será possível conhecer o manancial, encerrando com celebração da Palavra.

Caravana chega ao Rio São Francisco

O ponto inicial da viagem foi a Barragem Armando Ribeiro, no município de Itajá (RN), na manhã da última segunda-feira, 29
Encontro da Caravana com equipe do Ministério da Integração (Fotos: Cacilda Medeiros)
Encontro da Caravana com equipe do Ministério da Integração (Fotos: Cacilda Medeiros)
Nesta quarta-feira, 2 de março, a Caravana Socioambiental dos bispos do Regional Nordeste 2 chegou ao Rio São Francisco, depois de três de viagem e dezenas de quilômetros percorridos. Durante a parte da manhã, o grupo se reuniu, na cidade de Salgueiro (PE), com a equipe do Ministério da Integração Nacional. Na ocasião, o secretário geral de infraestrutura hídrica do Ministério, Osvaldo Garcia, fez uma explanação sobre as obras de integração do Rio São Francisco.
De acordo com Osvaldo, a transposição do Velho Chico começou a ser pensada em 1847, por iniciativa de um deputado da província do Crato (CE). No decorrer dos tempos, outros passos foram sendo dados, na perspectiva da transposição. “Outras medidas foram sendo tomadas, e culminaram em 2005, com o Ministério da Integração estabelecendo um amplo debate sobre o assunto. Mas a obra, propriamente dita, iniciou em 2008”, explicou o secretário. Atualmente, segundo o Ministério, as obras físicas do Projeto já atingiram 83,4% de execução.
Estação de Bombeamento, em Cabrobó (PE)
Estação de Bombeamento, em Cabrobó (PE)
Para o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, é importante que cada nordestino se aproprie das informações acerca do projeto e saiba exercer seu papel de cidadania, de cobrança e de controle.
Após o almoço, a caravana, formada por bispos, padres, diáconos, pessoas ligadas às pastorais sociais, representantes de associações e professores universitários, foi conhecer a primeira Estação de Bombeamento do Eixo Norte, da transposição, localizada no município de Cabrobó (PE). Inaugurada em agosto de 2015, a estação leva a água por 45,9 quilômetros até o reservatório de Terra Nova, em Cabrobó. A bomba da EBI-1 tem capacidade para elevar a água do nível do Velho Chico até 36 metros. A vazão é de 12,4 m³/segundo.
A última atividade do dia foi uma celebração às margens do Velho Chico, presidida pelo Arcebispo de Natal. “Queremos fazer com que essas águas do São Francisco, que agora contemplamos, seja para nós, sinal de vida e de esperança”, disse Dom Jaime, durante a celebração.
Último dia
A programação da Caravana se encerra nesta quinta-feira, 3.  Às 8h30, será celebrada missa, no auditório do Hotel Plaza, em Salgueiro (PE). Logo após a missa, haverá um diálogo entre representantes do Governo Federal, integrantes da Caravana e representantes de algumas comunidades. A atividade, que será encerrada ao meio-dia, contará com a participação da Ministra do Desenvolvimento Social, Teresa Campello.

Diálogo com a sociedade marca último dia de caravana socioambiental

Momento de diálogo com a sociedade - Fotos: Cacilda Medeiros
Momento de diálogo com a sociedade – Fotos: Cacilda Medeiros
As atividades da Caravana Socioambiental ao eixo norte do Rio São Francisco encerraram nesta quinta-feira (03). O ponto forte foi um diálogo entre representantes de instituições ligadas a questões sociais, bispos, professores e representantes dos governos municipais, estaduais e federais. Após esta última programação, será elaborado um documento com as impressões e pontos de reflexão que será enviado aos governantes em breve. Segundo Josivan Cardoso, diretor presidente do Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN), o Estado se comprometeu, em um prazo de 30 dias, reestruturar o órgão para receber as águas do São Francisco. “Acompanhamos desde o início esta caravana e, a cada dia, fomos repassando a situação atual ao governo do Estado, que se comprometeu em pensar a política de recursos hídricos, diante de tudo isso que vimos aqui. Posso dizer que essa ação já foi resultado da caravana”, comemorou.
No início da manhã, aconteceu celebração eucarística, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha e concelebrada pelos demais bispos e padres presentes na comitiva. Na homilia, Dom Jaime disse que as águas do São Francisco devem ser, para nós, sinal de vida. “Com este legado, vamos entendo o nosso papel, a nossa missão, perante o povo. É um projeto arrojado e moderno, mas é preciso ter clareza daquilo que queremos com esta obra. Nós todos queremos participar e acompanhar estas iniciativas, para que se cumpra tudo aquilo que é direito de todos”, frisou.
Após a missa, teve início o diálogo com a sociedade, momento em que foram apresentados dois testemunhos de comunidades que convivem com a incerteza do benefício que a integração de bacias com o São Francisco trará para a população local. José Fernandes, representante do Sítio Baixo Grande, em Jati (CE), falou sobre o compromisso que o governo tem que ter com o povo da comunidade. “O nosso desejo é que o governo nos ajude a ter uma fonte de renda, porque sabemos dessa água que vem, mas não temos a certeza da forma que ela vai vir para nós. Dessa forma, continuaremos na mesma situação. Precisamos que o governo nos dê condições de produzir e sobreviver”, relatou.
Para Valdeci Oliveira, da Comunidade de Conceição das Crioulas (PE), ainda não está claro se a comunidade poderá ter acesso à agua do São Francisco. “O projeto é grande, não temos dúvida disso e é de nossa consciência que é algo importante, mas não sabemos como vamos ter acesso a esta água. Nós precisamos garantir o direito de acesso a este bem”, enfatizou.
Na sequência, foi aberta a plenária. Otto Santana, da Arquidiocese de Natal, alertou que é preciso pensar novas
Missa presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha
Missa presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha
políticas públicas para melhorar a renda das famílias. “Precisamos pedir a Deus que converta o coração das pessoas, no sentido do amor aos pobres. Estamos vivendo um momento de uma obra grandiosa, mas esquecemos de dizer que esta obra está sendo construída pelo esforço do povo, principalmente dos pobres. Por isso, devemos pensar em iniciativas que tratem de forma diferente o grande e o pequeno. O pobre não pode pagar por aquilo que é direito dele”, reforçou.
Carlos Guedes, representante do Ministério de Meio Ambiente informou que é preciso valorizar a dimensão da obra e os desafios que se tem pela frente. Segundo Carlos, o governo federal está empenhado em políticas que possibilitem a renda para a população rural. “Estamos com o compromisso com a casa comum. A parte física do São Francisco será completada em breve, mas, temos consciência que a dimensão socioambiental da obra vai representar um desafio para os Ministérios. Estamos empenhados em acompanhar a população rural, para que eles sejam contemplados da melhor forma possível”, explica.
Roberto Jefferson, secretário executivo do Observatório Social do Nordeste, disse que as discussões acerca desta temática não encerrarão na caravana, mas seguirão em outras inciativas propostas pela Igreja Católica, como o Seminário Social, que acontecerá de 18 a 20 de maio, na cidade de Campina Grande (PB).
O secretário de infraestrutura hídrica do Ministério da Integração Nacional parabenizou esta iniciativa da Igreja Católica e fez memória à encíclica do Papa Francisco, Laudato si. “A minha mensagem é de que devemos fazer o uso racional da água, como nos pede o Papa, na encíclica. Porque se não usarmos racionalmente o bem, não alcançaremos a dimensão que esta obra vai proporcionar à população”, destacou.
FONTE: Arquidiocese de Natal

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