quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Missa de Cinzas dá início à Quaresma



Centenas de fieis lotaram a Catedral Metropolitana de Natal para a primeira celebração da Quarta-feira de Cinzas, dia de jejum e abstinência de carne, iniciando o período da Quaresma. De ontem até a Páscoa, a igreja católica celebra um tempo litúrgico devotado à penitência e preparação pascal, que segue pelos próximos 40 dias. Pela manhã, a missa começou às 11h e foi presidida pelo pároco da Catedral, padre Aerton Sales.Na abertura da liturgia, padre Aerton fez menção à Campanha da Fraternidade 2012,  lançada, nacionalmente, ontem à tarde, pelo secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Leonardo Ulrich Steiner. A campanha tem por tema "Fraternidade e Saúde". O lema "que a saúde se difunda sobre a terra" foi lembrado pelo padre Aerton Sales.
"Com essa campanha", disse o padre para centenas de fiéis que ocupavam os bancos da Catedral, "queremos despertar, a partir de uma reflexão sobre a realidade da saúde no Brasil, um maior espírito fraterno, solidário e comunitário no atendimento aos doentes, e ações para que todos tenham o pleno acesso à saúde pública". 
As leituras da liturgia que marcaram a missa de Cinzas levaram os fiéis a uma reflexão para viver a Quaresma como "um caminho de purificação e de iluminação" para a celebração futura da Páscoa. "É com esse espírito", lembrou o pároco da Catedral, "que queremos iniciar esse tempo de recolhimento, que não é tempo  de tristeza, mas de purificar o espírito e renovar os sentimentos". Padre Aerton convidou os fiéis a uma preparação "bem feita e profunda para celebrar a Páscoa" e a "viverem a fraternidade".


Essa primeira missa foi concelebrada pelos padres Elernildo Marques de Morais e Jailton Soares de Lima. À noite, a celebração foi presidida pelo arcebispo, Dom Matias Patrício de Macêdo, reunindo todos os padres da Arquidiocese de Natal, na última celebração antes da sucessão. Depois de oito anos no comando da Arquidiocese, Dom Matias entrega o cargo a Dom Jaime Vieira Rocha no próximo dia 26, às 9 horas, na Catedral Metropolitana.


 A Quaresma se inicia na quarta-feira de cinzas e termina às vésperas do Domingo de Ramos, que faz alusão à entrada de Jesus em Jerusalém, já no início da Semana Santa, quando se rememora a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Na Quaresma, relembra-se os quarenta anos do povo de Deus no deserto e os quarenta dias que Jesus Cristo viveu no deserto, preparando-se para sua missão. 


O ritual de Cinzas têm uma forte simbologia bíblica e foi um momento especial. Na distribuição das cinzas, que são usadas para fazer o sinal da cruz na testa dos fiéis, os padres ressaltaram que esse rito milenar é feito "em sinal de humilhação, penitência e conversão" e que  deve despertar o reconhecimento de que "somos pó e ao pó voltaremos".


O costume católico é de se guardar os galhos da procissão de ramos, realizada no ano anterior para que, agora, sejam queimados e distribuídos aos fiéis. A Catedral Metropolitana comporta até 2.500 pessoas. Na missa, realizada pela manhã, pelo menos, metade dos bancos estava ocupada por fiéis, de todas as regiões da cidade.


Na celebração, padre Aerton Sales pediu aos fiéis para "rezar mais, para se dedicarem mais à palavra de Deus" e lembrou que a Quaresma é tempo, não apenas de jejum, esmola e penitência, mas de solidariedade e fraternidade. A mensagem distribuída aos fiéis lembrava um trecho da Carta dos Hebreus: "prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras".


Dom Matias começa a se despedir


Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, no início da tarde de ontem, o arcebispo Dom Matias Patrício de Macêdo, fez uma breve avaliação de sua administração à frente da Arquidiocese de Natal, destacando que "o pouco que pude fazer foi dedicado à igreja" e que isso resultou "em alguns frutos, que não são apenas mérito meu". "O que pude fazer dentro das minhas condições, da minha pequenez, foi positivo", afirmou.


O arcebispo completou no dia 25 de janeiro deste ano, oito anos no comando da Arquidiocese. "Tive a sorte de, durante estes 8 anos, ordenar 57 padres e 45 diáconos permanentes. Ordenei, também, um Bispo do nosso Clero para a Diocese de Bonfim, Bahia - Dom Francisco Canindé Palhano", recorda Dom Matias. Para ele, tudo isso é "fruto do esforço pastoral dos formadores e, sobretudo, da ação da Graça de Deus que neles atuou".


Dom Matias Patrício destacou ainda a criação de 24 paróquias e áreas pastorais; a concretização da faculdade de Filosofia e Teologia Dom Heitor Sales e o ingresso de mais duas congregações religiosas - a das irmãs Carmelitas Contemplativas e a dos Padres Premonstratenses. Dom Matias ressaltou que termina a carreira "em parte" porque continua se dedicando à igreja, não mais na função administrador apostólico. 


No domingo, 26, ele preside a posse do novo arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha, o 6º da Arquidiocese de Natal. Numa das celebrações da Quarta-feira de cinzas, a que foi realizada pela manhã, o arcebispo foi lembrado não apenas pelos padres que conduziram a missa, mas com a distribuição de um cartão, onde ele se despede dos fiéis e agradece aos que o ajudaram à frente da administração da Arquidiocese.


Dom Matias Patrício nasceu em Santana do Matos (RN), ingressou no Seminário São Pedro, em 1951, e foi ordenado sacerdote por Dom Eugênio de Araújo Sales, em 21 de julho de 1963. Na lembrança entregue ontem a cada um dos fiéis que compareceu às missas de ontem, Dom Matias diz: "Perdoem-me se não foi feito tudo o que deveria. De minha parte digo como São Paulo: Combati o bom combate, terminei minha carreira (em parte), guardei a fé. Estou feliz". A missa em sua despedida foi realizada no último dia 16 passado, aproveitando os 60 anos da Arquidiocese.


Solicitado a dar uma mensagem aos fiéis,  o arcebispo lembrou que a Quaresma é um convite à conversão e à crença, de maneira mais intensa. "É um momento de jejum, de esmola e de oração", ressaltou Dom Matias, exortando para que "todos abram o espírito, se convertam e acreditem na palavra de Deus" e, assim, "se preparem para celebrar o grande mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo". 


Serviço: Posse do novo arcebispo de Natal 


Data: 26/02, domingo


8h30 - Acolhimento de Dom Jaime Vieira Rocha pelo Clero, autoridades e fiéis em frente à Catedral Metropolitana


9h - Transmissão do cargo de Dom Matias Patrício ao bispo Dom Jaime Vieira


Celebração na Catedral


A missa da Quarta-feira de Cinzas, celebrada na noite de ontem, marca a trajetória do   Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Matias Patrício de Macedo, à frente da arquidiocese, desde 2004. No próximo domingo, dia 26, o religioso passará a cátedra a Dom Jaime Vieira Costa.  Em sua última homília na Catedral Metropolitana de Natal, enquanto Arcebispo, Dom Matias Patrício de Macedo convidou os fieis a reflexão sobre ser a Quaresma "o tempo oportuno para se aproximar, criar intimidade com Deus. Tempo oportuno para  a salvação". E lembrou ainda que "Por ser Misericórdia, Deus é inclinado a perdoar", e fez um apelo aos fieis para se voltar a Ele. As cinzas são um convite ao "convertei-vos e credes no Evangelho, ou seja, à mudança de vida e fé em Jesus Cristo", destacou.  Segundo a tradição católica, as cinzas são feitas a partir dos ramos usados na procissão de Domingo de Ramos do ano anterior.  O arcebispo ressaltou ainda as práticas quaresmais: oração, jejum e esmola e uma quarta prática, agregada nos últimos 50 anos: a Campanha da Fraternidade. Este ano, a CF irá abordar "Fraternidade e Saúde Pública", com o lema será "Que a saúde se difunda na terra", baseado no texto do livro de Eclesiástico. A oração desempenha a função de canal de diálogo, segundo o arcebispo, "onde não só se fala, mas se escuta o que Deus tem a dizer"; o jejum é o instrumento de  solidariedade com os mais necessitados, onde a "penitência é exercida pela renúncia e compromisso em suportar o desejo de satisfazer uma vontade"; e a esmola, a ação da partilha. 
Informações: Tribuna do Norte