Bom senso é um artigo em falta na prateleira das empresas do Rio Grande do Norte. Com o número de mortes e de casos confirmados por Covid-19 aumentando semanalmente no Estado, e os avisos de que o pico da epidemia ainda não chegou, o segmento empresarial segue forçando e pressionando pela reabertura de bares, restaurantes e do comércio em geral.
O Governo chegou a ceder em alguns pontos, flexibilizando algumas medidas restritivas no decreto publicado dia 23 de abril e ampliando o número de atividades essenciais em todo o território potiguar. Mas não foi o suficiente para saciar os empresários.
Nesta segunda-feira (27), sete entidades entre federações, associações e câmaras de dirigentes lojistas divulgaram uma carta à sociedade onde anunciam a apresentação de um plano para a retomada da economia ainda essa semana.
Assinam a nota Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL RN), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Natal e CDL Jovem Natal), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio RN), Associação dos Empresários do Alecrim (AEBA), Associação Comercial (ACRN) e Federação das Associações Comercias (FACERN).
– A primeira proposta de plano para esse retorno responsável foi entregue por nós do setor produtivo, ela deverá ser avaliada por todos os membros do grupo ainda essa semana. Acreditamos que em breve chegaremos uma versão final da retomada econômica no RN. Sabemos da importância de criarmos horizontes para as empresas e estamos todos empenhados nessa missão. Enquanto isso, clamamos a todos para o uso de máscaras, essa é a melhor forma de cuidar da vida e da economia”, diz a carta.
Já a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) divulgou uma cartilha com o protocolo para a reabertura parcial dos estabelecimentos.
Em coletiva de imprensa realizada hoje (27) a secretaria de Estado de Saúde Pública confirmou 45 mortos no Estado e 832 casos confirmados. “Dias piores virão. A situação passa a ser dramática”, afirmou o adjunto da Sesap Petrônio Spinelli.
Diante da pressão do segmento empresarial, o cientista e pesquisador da UFRN José Dias do Nascimento reforçou a importância do isolamento social como forma de impedir a disseminação em massa do novo Coronavírus.
– Apoiamos a manutenção do distanciamento social até que novas evidências estejam disponíveis. A reabertura da economia não é como um interruptor de luz: desligado agora e que pode ser religado depois. A decisão de abrir não é baseada em evidência científica nenhuma. A economia não vai voltar de uma hora para outra. Esse retorno súbito vai gerar casos, vai morrer mais gente e gestores vão voltar atrás”, prevê.
Nascimento afirmou recentemente em matéria publicada pela agência Saiba Mais que os modelos matemáticos que analisam a curva epidemiológica do Rio Grande do Norte indicam que, se não fosse o isolamento social no Estado, o número mortes por Covid-19 já estaria em 2,2 mil.
Ele estima agora que aproximadamente 20 mil pessoas no Estado precisarão ser hospitalizados. E discorda de qualquer medida de flexibilização das medidas restritivas, como a que o próprio Governo adotou:
– A conduta de municípios é independente do decreto da governadora. Ela usou argumentos sólidos, porém pode ter aberto cedo demais. Sendo um cientista, não posso concordar com essa decisão. Não temos um plano de saída baseado em dados locais. Deveria ser por idade, etc. Estudo é necessário. Sem isso, existe somente uma opção: continuar o isolamento”, afirmou.
Fonte: Saiba Mais
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