Com o objetivo de qualificar e formar a juventude rural em agricultura familiar o curso “Juventude Semeando Terra Solidária” é uma experiência diferenciada em qualificação que iniciou no ano de 2013 e, em abril de 2015 deverá formar para a gestão das propriedades rurais, cerca de 5 mil jovens agricultores do Rio Grande do sul, Santa Catarina e Paraná. Focado na pedagogia da alternância e nos métodos da educação popular o curso é dividido em 12 módulos que tratam de temas como gestão da propriedade, inclusão digital, agroecologia, sucessão na agricultura familiar, gênero, dentre outros. As aulas são realizadas mensalmente, na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), de cada estado, para um total de 120 educandos.
Muito além do conhecimento em sala de aula
Um dos diferenciais do projeto está na multiplicação do conhecimento por parte dos alunos. Após a realização dos módulos estaduais, cada jovem educando tem o dever de multiplicar o curso para outros jovens do seu município. Além disso, são realizadas visitas de intercâmbios e trocas de experiências entre jovens dos municípios do Sul do país, que participam do programa. Na última etapa do projeto, os jovens têm a tarefa de elaborar um “Plano de Sucessão Familiar”, adaptado à propriedade da família. Os melhores trabalhos serão divulgados em um livro a ser publicado no final do curso.
Para Valdecir José Zonin, professor da UFFS e do curso “Juventude Semeando Terra Solidária”, esse processo formativo é inédito para os jovens. “É algo totalmente novo, não é uma realidade que viveram na escola. A sucessão familiar no meio rural depende da formação”, afirma o docente. Ela ressalta ainda sobre a importância do Plano de Sucessão que os alunos elaboram ao final do processo de formação. “O plano acaba sendo um indicador de mudanças que devem ocorrer no meio agrícola e até servir para construção de políticas públicas”, pontua.
Na visão do coordenador do coletivo de jovens da Fetraf-RS, Douglas Cenci, o curso vai além do aprendizado em sala de aula. “Mais do que conteúdo, propõe a construção do pensamento crítico e análise aprofundada da realidade. Os alunos passam a ver outras possibilidades de vida no campo. A metodologia baseada na alternância e na educação popular é um diferencial pois, os temas dialogam com o que eles vivem na prática, o que propicia maior debate e possiblidade de aplicação do conhecimento”, salienta Cenci. “Outro diferencial é a integração e troca de experiência entre os jovens, que são de diferentes locais e realidades de cada estado”, destaca.
Incentivo para a permanência no campo e novas perspectivas de vida
Para o jovem educando Valério Cavalli, técnico em agropecuária, do município de Itatiba do Sul –RS, “o curso é de suma importância pois além do aprendizado prático, proporciona formação crítica e, nos municípios, onde é multiplicado para os jovens locais, a formação desperta novos olhares diante da realidade”, conta Cavalli.
A jovem Tais Moi do município de Barra Funda-RS explica que após cada etapa do curso, dialoga com os pais sobre o aprendizado e discute o conteúdo com a turma de jovens do município. Ela que cursa o último ano do ensino médio relata que é apaixonada pelo interior e, revela seus projetos futuros. “Pretendo implementar o plano familiar que está sendo elaborado no curso, na propriedade dos meus pais, com o objetivo de melhorar a produção leiteira, posteriormente vou cursar agronomia e aplicar o conhecimento no campo”, enfatiza.
“A integração entre pessoas e realidades diferentes, oportunidade de fazer intercâmbio em outras propriedades e conhecer novas possibilidades de fazer agricultura”, são alguns dos benefícios que a jovem Cristiane Rabsch do município de Severiano de Almeida-RS, aponta sobre o curso “Juventude Semeando Terra Solidária”. Cristiane que já ingressou no ensino superior e trancou matrícula temporariamente, se diz satisfeita e encantada com a experiência adquirida no curso.
O projeto de autoria da Fetraf-Sul é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), apoiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Os jovens participantes do curso são agricultores familiares de diferentes municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e, foram selecionados pela Fetraf. Cada estado forma uma turma de 40 alunos. Após as aulas estaduais, cada jovem, com o apoio do sindicato local, multiplica o aprendizado para cerca de 40 jovens do seu município.
FONTE: FETRAF SUL
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