O juiz da 10ª Vara da
Justiça Federal de Brasília, Ricardo Leite, absolveu, nesta quinta-feira (12),
o ex-presidente Lula por falta de provas no processo em que ele era acusado do
crime de obstrução de Justiça.
O juiz reconheceu que
“há deficiência probatória para sustentar qualquer juízo penal reprovável” por
parte de Lula e afastou a acusação de que o ex-presidente teria tentado impedir
a delação premiada de Nestór Cerveró, ex-diretor da Petrobras.
Em nota, a defesa de
Lula afirmou que a sentença proferida hoje "evidencia ainda mais o caráter
ilegítimo das decisões que condenaram o ex-presidente no caso do tríplex."
“Enquanto o juiz de
Brasília, de forma imparcial, negou valor probatório à delação premiada de Delcídio
do Amaral por ausência de elementos de corroboração, o juiz de Curitiba deu
valor absoluto ao depoimento de um corréu e delator informal para condenar
Lula”, diz trecho da nota assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins.
A defesa de Lula
afirmou, ainda, ter demonstrado "que a acusação se baseou em versão criada
por Delcídio para obter benefícios em acordo firmado com o Ministério Público
Federal". Nem Cerveró, nem as demais testemunhas ouvidas "jamais
confirmaram qualquer participação de Lula em atos objetivando interferir na
delação premiada do ex-diretor da petrolífera."
Com o reconhecimento
pelo MPF e pela Justiça de Brasília da inocência de Lula, a única condenação ao
ex-presidente é a do juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá, feita há
um ano, que não aponta o ato criminoso cometido e sequer apresenta qualquer
prova de que a propriedade do apartamento seja do Lula.
Perseguição
Preso político na sede
da Superintendência da Polícia Federal desde o dia 7 de abril, Lula tem sido
vítima de perseguição jurídica, como foi evidenciado no último domingo (8),
quando o juiz Sergio Moro e os desembargadores do Tribunal Regional Federal da
4ª Região (TRF-4), à revelia da lei, mantiveram Lula preso, mesmo após o
desembargador Rogério Favreto ter determinado a soltura em três despachos.
Diante da perseguição
e da prisão política impostas ao ex-presidente, a CUT e centenas de entidades
ligadas aos movimentos sociais, partidos políticos e demais centrais sindicais
vão fazer atos em todo o país nesta sexta-feira (13)para marcar o
Dia Nacional de Mobilização contra os desmandos do juiz Sergio Moro e dos
desembargadores do TRF4.
E no dia 10 de
agosto, Dia do Basta, a CUT, demais centrais sindicais e movimentos sociais
realizarão novamente mobilizações em todo o Brasil, com paralisações, atrasos
de turnos e atos nos locais de trabalho e nas praças públicas para exigir, além
do fim do desemprego e da retirada de direitos, um basta à perseguição política
ao ex-presidente Lula.
Confira a íntegra da
nota da defesa de Lula:
Justiça de Brasília absolve
Lula
O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva foi absolvido hoje (12/07) da acusação do crime de
obstrução de justiça (art. 2º, §1º, da Lei nº 12.850/2013). A sentença foi
proferida pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª. Vara Federal Criminal
de Brasília.
O juiz reconheceu que
“há deficiência probatória para sustentar qualquer juízo penal reprovável” por
parte de Lula, afastando a acusação de que Lula teria tentado impedir ou
modular a delação premiada de Nestór Cerveró, ex-diretor da Petrobras.
A defesa do
ex-Presidente Lula sempre demonstrou que a acusação se baseou em versão criada
por Delcídio do Amaral para obter benefícios em acordo firmado com o Ministério
Público Federal. Durante o processo, Cerveró, assim como as demais testemunhas
ouvidas — de acusação e defesa —, jamais confirmaram qualquer participação de
Lula em atos objetivando interferir na delação premiada do ex-diretor da
petrolífera.
A inexistência de
prova de culpa foi reconhecida pelo MPF, que também pediu a absolvição de Lula
em suas alegações finais.
A sentença absolutória
proferida em favor de Lula nesta data evidencia ainda mais o caráter ilegítimo
das decisões que o condenaram no caso do tríplex. Enquanto o juiz de Brasília,
de forma imparcial, negou valor probatório à delação premiada de Delcídio do
Amaral por ausência de elementos de corroboração, o juiz de Curitiba deu valor
absoluto ao depoimento de um corréu e delator informal para condenar Lula.
Espera-se que a
Justiça também prevaleça no caso do tríplex, para restabelecer a liberdade
plena de Lula e também para reverter a decisão condenatória lá proferida com
base unicamente em depoimento de corréu interessado em fechar acordo com o
Ministério Público Federal em busca de benefícios.
CRISTIANO ZANIN MARTINS
Fonte: CUT
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