Presidente Dilma Rousseff afirma que é difícil obter consenso entre delegados de 191 países |
Pablo Uchoa
Enviado especial da BBC Brasil a San José del Cabo, México
A presidente Dilma Rousseff afirmou no México que a aprovação nesta terça-feira do rascunho final da Rio+20 "é um grande avanço e uma vitória". Porém o texto foi considerado fraco por ativistas e parte dos delegados internacionais.
O documento foi votado por representantes dos países participantes após negociação encabeçada pelo Brasil. Ele ainda deve ser aprovado pelos chefes de Estado até sexta-feira.
Porém, ativistas e organizações defensoras do meio ambiente afirmaram que o resultado das negociações foi fraco e que falta "conteúdo significativo" ao rascunho final - que não atenderia às necessidades dos povos e do planeta.
"Ninguém naquela sala ficou feliz ao aprovar aquele texto. Ele é muito fraco e todos sabiam disso", escreveu o comissário da União Europeia para mudanças climáticas, Connie Hedegaard, em sua conta no Twitter.
"Nós estamos fazendo o documento possível entre os diferentes países e as diferentes visões do processo relativo à questão ambiental", afirmou Dilma.
De acordo com ela, algumas delegações pretendiam sair da Rio+20 com objetivos de desenvolvimento sustentável definidos. Já outras defendiam uma discussão mais ampla e democrática sobre o tema.
Essas metas de desenvolvimento sustentável deveriam substituir os Objetivos do Milênio, que expiram em 2015.
Para a presidente brasileira, as divergências sobre a questão das contribuições financeiras também dificultaram o processo. Detalhes sobre repasses financeiros e a criação de um fundo sobre desenvolvimento sustentável acabaram excluídos do rascunho.
"Não é fácil construir um consenso. Você vê que é difícil construir um consenso entre 17 países (sobre a crise da zona do euro). Nós estamos falando de 191 (países signatários do documento). Então nós temos que comemorar sim, como uma vitória do Brasil", disse Dilma.
Copenhague
Ela afirmou que a conferência da ONU sobre o clima em Copenhague, em 2009, não resultou em documento. "Eu acredito que o documento da Rio + 20, ao contrário, é um grande avanço e uma vitória. Porque eu não conheço nenhuma reunião ambiental que tenha tido um documento prévio acordado entre as partes".
O ministro do Ambiente da Alemanha, Peter Altmaier afirmou que não ficou "100% satisfeito", mas "depois do fracasso de Copenhague isto é um sinal encorajador. Foi muito importante evitar um fracasso nesta conferência".
O ministro do desenvolvimento da França, Pascal Canfin, afirmou ter posição semelhante à de Dilma e dos alemães.
"Não estamos completamente satisfeitos, mas evitamos que a Rio+20 se transformasse na Rio-20", disse.
A ministra francesa da Ecologia afirmou que há pontos positivos no texto que podem ser melhorados no futuro.
Dilma foi questionada sobre a Rio+20 ter sido balizada por um denominador comum baixo. "Se a gente tivesse decepção quanto a isso, não poderíamos recepcionar uma conferência internacional", disse.
FONTE: BBC BRASIL