quarta-feira, 13 de junho de 2012

Covisa notifica Sethas por abandono da estrutura da Casa do Estudante em Natal



Pedaços dos muros caindo, paredes rachadas, telhado de madeira corroído por cupins, que também estão espalhados pelas paredes, nos birôs e camas, salas com rachaduras e mofo são o retrato do descaso. As 54 estudantes e moradoras da Casa, todas oriundas do interior do Estado, são obrigadas a dividir apenas um banheiro, já que o do térreo está interditado, após parte do teto desabar, por conta das últimas chuvas e inúmeras infiltrações.
Diante dessa situação, a Coordenadoria de Vigilância Sanitária de Natal (Covisa) registrou auto de interdição à Casa da Estudante para que a estrutura passe por reforma, urgente e as moradoras sejam retiradas o mais rápido possível. No entanto, o Governo do Estado diz que não é responsável, diretamente, pela instituição, mas que está disposto a ajudar a encontrar uma solução.
Os problemas com os quais as 54 estudantes são obrigadas a conviver diariamente não são novos. A última reforma realizada no prédio foi em 2004, há oito anos. A situação é tão precária que o Ministério Público Estadual foi ao local no dia 25 de abril, determinando a reforma urgente. A exigência do MP foi respaldada pela Vigilância Sanitária Estadual, que também esteve no espaço, listou cerca de 70 pontos críticos e já havia informado à presidente da Casa que poderá interditar o espaço caso não sejam feitos os reparos necessários.
A chefe do Setor de Vigilância Sanitária da Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa), Marlene Paiva, explicou que a vistoria realizada na Casa da Estudante ontem por uma equipe de plantão foi, na verdade um retorno, pois os técnicos já haviam estado no local anteriormente. Marlene também disse que a segunda vistoria atendeu a uma solicitação do Ministério Público Estadual.
“Ontem os técnicos retornaram à Casa da Estudante e verificaram que os problemas ainda persistiam e diante da situação foi registrado o auto de interdição. Com isso, as estudantes terão que ser removidas para que as obras de reforma e restauração do prédio sejam feitas”, explica Marlene Paiva. Ela conta que o auto de interdição não estabelece um prazo para que seja feita a retirada das estudantes, para que as ações necessárias sejam executadas. “O Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sethas), foi notificado na manhã de hoje e tem 15 dias para apresentar defesa e tão logo as modificações sejam feitas a interdição será desfeita e o estabelecimento liberado para funcionamento”, disse.
Marlene Paiva disse ainda que, durante o período que a casa da estudante estiver interditada, a equipe de plantão da Vigilância Sanitária de Natal irá visitar diariamente o estabelecimento para verificar se as recomendações da Covisa estão sendo cumpridas e se as estudantes foram realmente removidas. Após a finalização do processo, a punição por descumprimento ao Governo do Estado, segundo a chefe do Setor de Vigilância Sanitária, pode ser uma advertência ou multa. “A penalidade vai depender do rito processual, no qual serão analisados os atenuantes, a agilidade e a execução das recomendações, mas só no final é que poderemos aplicar a punição”, afirmou.
O titular da Sethas, Luiz Eduardo Carneiro explicou que o Governo do Estado não é o responsável direto pela manutenção das casas dos estudantes. “Os papeis estão sendo invertidos, temos a responsabilidade social de ajudar, mas somos parceiros e não responsáveis diretos pelas casas. A responsabilidade é da própria instituição. No orçamento da Sethas não há recurso para manutenção do local. Mas como elas precisam de ajuda do Governo, não podemos nos furtar a isso”, admite o secretário. Luiz Eduardo conta que a responsabilidade do Governo hoje é com o pagamento de água, luz, telefone e fornecimento de gêneros alimentícios.
“Em relação à reforma, não pode ser feita da noite para o dia. Há todo um tramite burocrático para gastar o dinheiro público. Para que possamos fazer uma reforma, temos que ver se há orçamento, e não há”, afirma o secretário da Sethas. “Não estamos fugindo da nossa responsabilidade e nem da nossa parceria, pelo contrário, queremos aumentar a parceria, com outras instituições privadas e públicas, como a FIERN e prefeituras municipais”, destacou o secretário.
Luiz Eduardo Carneiro conta que já havia se reunido com os estudantes no último dia 31 de maio, quando também participou de uma audiência no MP, para encontrar soluções para o problema. “Assumimos o compromisso de ajudar”. O secretário conta que hoje pela manhã entrou em contato com a direção local do Banco do Brasil para que, como os prédios são tombados, a Fundação Banco do Brasil possa apoiar a restauração. Em relação à retirada das estudantes, o secretário disse que o Governo também está disposto a ajudar. “Se eles encontrarem um prédio, estamos dispostos a assumir o aluguel, se for compatível com que o Governo possa pagar, durante o período que a casa estiver passando pela reforma”, garante o secretário.
Com Informações do Jornal de Hoje