A campanha de Carlos Eduardo Alves (PDT) ao Governo do Rio Grande do Norte pagou mais de R$ 100 mil a duas empresas cujos titulares foram apontados pelo Ministério Público Federal, na operação Manus, desdobramento da Lava Jato, como recebedores finais de recursos de origem supostamente ilícita durante a campanha de Henrique Eduardo Alves (MDB), primo de Carlos Eduardo, a governador em 2014.
De acordo com a prestação de contas parcial apresentada à Justiça Eleitoral, Carlos Eduardo contratou as empresas de George Wilde Silva de Oliveira e Alexsandro Guilherme de Souza em dois contratos que totalizam R$ 105 mil. O dinheiro saiu do caixa geral da campanha, que já arrecadou até agora quase R$ 3 milhões, dos quais R$ 2,1 milhões são recursos públicos.
George Wilde e Alexsandro Guilherme foram citados pelo Ministério Público em denúncia apresentada à Justiça contra Henrique Alves e outros cinco acusados no âmbito da operação Manus, que apura se a campanha do emedebista recebeu propina de empreiteiras em troca de vantagens indevidas e “lavou” esses recursos por meio de contratos supostamente fraudulentos.
Um dos contratos sob suspeita na operação Manus é o firmado entre a campanha de Henrique Alves e a Art&C Marketing Político, agência pertencente a Arturo Arruda Câmara, seu cunhado. A empresa recebeu R$ 1,3 milhão em 2014 – dinheiro este que teria sido transferido (“lavado”) depois, segundo o Ministério Público Federal.
Na denúncia, o MPF aponta que George Wilde “apresentou movimentação financeira bem superior aos rendimentos declarados, especialmente em 2014” – ano da campanha eleitoral investigada. À época, Wilde era sócio da Art&C. Paralelamente a isso, o MPF indica que Arturo Arruda declarou empréstimo escalonado, desde 2011, a George Wilde, no valor de R$ 550 mil.
“Esse pretenso mútuo pode consistir em tentativa de justificação de eventuais repasses de recursos ilícitos por George Wilde em favor de Arturo Arruda. Tal contexto evidencia que a empresa foi usada para direcionar altos valores da campanha em benefício pessoal de familiares do candidato”, diz um trecho da peça do Ministério Público.
Alexsandro Guilherme, por sua vez, foi apontado pelo Ministério Público Federal como dono de uma empresa “de fachada”. Em 2014, ele e sua empresa receberam R$ 300 mil da campanha de Henrique Alves, referentes a supostos “serviços prestados por terceiros”.
Sobre ele e sua empresa, diz o Ministério Público: “Trata-se de empresa que somente teria começado a funcionar no ano da eleição, em 2014. Alexsandro Guilherme de Souza, entre 2012 e 2015, apresentou movimentação financeira consideravelmente superior à renda declarada, o que indica o recebimento de valores de origem ilícita. Ele já prestou serviços, em 2012, para a Art&C Marketing Político (…). Tudo isso aponta no sentido de que sua empresa individual e seu titular foram usados apenas para justificar gastos, provavelmente ilícitos, em prestação de contas eleitorais”.
Na prestação de contas de Carlos Eduardo, a empresa de George Wilde aparece como beneficiária de R$ 60 mil, como pagamento pelo serviço de “desenvolvimento de peças publicitárias para a web”. Já Alexsandro Guilherme recebeu R$ 45 mil por “gravação, edição e transcrição de programa eleitoral”.
Procurada, a assessoria de Carlos Eduardo disse que não iria se manifestar.
Fonte: Agora RN
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