O Saúde sem Complicações recebe a professora Kelly Graziani Giacchero Vedana, do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, para falar sobre suicídio entre jovens. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que essa foi a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em 2014. No Brasil, é a quarta causa na mesma faixa etária de acordo com o Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) desenvolvido pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a professora, a adolescência é um período complexo na vida, porque o indivíduo passa por transformações na relação com ele mesmo e com as pessoas que estão à sua volta e, também, é momento de testar limites, desenvolver capacidades para controlar impulsos, tolerar frustrações, lidar com emoções e descobrir a própria identidade. “Nem sempre o indivíduo tem facilidade de lidar com essas mudanças e de se adaptar às tarefas que são inerentes a essa fase de desenvolvimento” , afirma.
Assim, diz a professora, muitos pais e professores têm dificuldade em diferenciar o sofrimento típico da idade de características que merecem mais atenção. Ela também alerta que muitas questões que são intensas, nessa fase, não são para os adultos; por isso, é importante ter empatia para compreender e estar atento às manifestações do jovem.
Muitas das causas do suicídio e do comportamento suicida podem estar ligadas a fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Entre eles os transtornos mentais, uso de drogas, situação de violência, relações interpessoais insatisfatórias, isolamento social, impulsividade e ansiedade.
A professora ressalta que cada caso tem sua individualidade, mas é necessário que os pais estejam em contato com o jovem para saber seus planos de futuro e perceber a sua satisfação com a vida. “Um dos sinais de que o jovem pode estar em sofrimento é a mudança comportamental, que pode ser usada como recurso para lidar com a situação. Esse novo comportamento pode estar ligado a mudanças no corpo, automutilação, envolvimento com briga ou drogas e negligência com o autocuidado.”
Outros sinais de alteração no comportamento são as ações de desesperança e desespero. Entre as frases mais comuns ditas por jovens com pensamento suicida estão “queria sumir”, “as pessoas estariam melhores sem mim” e devem ser usadas como alerta. A professora chama a atenção para o fato de que muitos desses jovens tentam deixar assuntos pessoais em ordem, doar coisas ou se despedir.
Ela conta que em um de seus estudos analisou postagens no Tumblr, plataforma de blogging, e percebeu que os conteúdos são pró-suicidas e não preventivos. Entre os posts mais populares estão mensagens de sofrimento emocional intenso e intolerável, automutilação, falta de esperança e idealização da morte e do suicídio. Além disso, falam da dificuldade em procurar ajuda e, apesar de parecer contraditório, eles buscam ajuda na internet, mas têm dificuldade em procurar no mundo real.
O programa Saúde sem Complicações é produzido e apresentado pela locutora Mel Vieira e pela estagiária Giovanna Grepi, da Radio USP Ribeirão.
Por: Giovanna Grepi
Fonte: www.jornal.usp.br
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