Sem surpresa e dada a proximidade política, um ano depois de deixar o governo Renan Filho (PMDB) por conta do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a executiva do PT de Alagoas decidiu, em reunião nesta terça-feira (31), o retorno à base aliada e ao governo do peemedebista.
Naturalmente, essa aliança foi selada com o apoio do ex-presidente Lula. Lideranças petistas justificam a decisão tomada por motivos políticos e estratégicos. Claro que o afastamento do senador Renan Calheiros (PMDB) do governo Temer foi importante.
Mas os sinais dessa reaproximação foram vistos quando Lula passou por Alagoas e foi recepcionado pelo governador Renan Filho e pelo senador Renan Calheiros.
O próximo passo após a decisão da executiva estadual será definir o espaço que o PT irá ocupar na administração estadual. A intenção é ocupar a secretaria da Educação, cujo atual secretário é o vice-governador Luciano Barbosa (PMDB).
Em nota assinada pelo presidente da direção executiva do PT, Ricardo Barbosa explica o diálogo reaberto com o PMDB alagoano e justifica que no país há deslocamentos “no âmbito de partidos políticos e suas personalidades que apontam no rompimento com o governo Temer e as forças golpistas e que requerem uma ação imediata por parte do PT. É o que ocorre com o PMDB em Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí; bem como com o PSB em Pernambuco e também na Paraíba.”
Para Barbosa, “uma das maiores expressões do PMDB nacional, Senador Renan Calheiros, vem se postando publicamente contra Temer e suas reformas e em defesa aberta de Lula. Tal qual o Senador, o Governo do Estado vem assumindo a mesma oposição e postura. Não estamos tratando de uma aliança eleitoral para 2018. Estamos em uma disputa encarniçada de projeto político e programático cujo seus maiores representantes, Lula e o PT, correm grande risco de serem aniquilados e, junto com eles, todas as esperanças do povo brasileiro”.
Leia abaixo nota da Executiva Regional do PT sobre o diálogo do o governo de Alagoas:
O golpe havido no Brasil em 2016 veio na esteira de uma conjuntura de ofensiva global do capital contra a classe trabalhadora, a esquerda em geral, sua ideologia e conquistas econômicas e sociais. Há duas décadas que se produzem golpes principalmente na América Latina e especificamente em países cujos governos foram dirigidos por partidos e lideranças com base e inserção nos movimentos sociais e populares, a exemplo do PT e de Lula.
No Brasil pós-impeachment, o governo golpista de Temer dá continuidade ao legado tucano de FHC, com a desregulamentação das relações de trabalho e a volta à escravidão, o início do desmonte da previdência pública, a dilapidação do patrimônio nacional e com nossas empresas nacionais à venda no mercado como sucata. Em suma, Temer, com o apoio da mídia golpista, do poder judiciário e da banda podre do parlamento está deixando o País pronto para o “abate”.
Porém, os golpistas jamais imaginaram que a capacidade de resistência dos trabalhadores e do povo brasileiro, do PT e de Lula chegasse ao ponto que chegou. Para eles, em pleno Outubro de 2017, não haveria mais mobilizações na rua, pois todos teriam sido ganhos pela ideologia da mídia e do judiciário golpistas; Moro seria a própria reencarnação de Tomás de Torquemada; e o PT e Lula estariam dizimados, mortos, e com alguns poucos resistentes encolhidos na vergonha de pertencerem a um partido de “corruptos”. Mas o povo brasileiro, o PT e Lula foram fatores “imprevisíveis” nesta “inquisição” do século 21.
Diante de tantos ataques e retrocessos, o PT e Lula representam hoje a esperança de resgate de uma política que outrora promoveu a maior mobilidade social já vista no planeta. Talvez por isto, a despeito de todos os ataques, o PT tenha alcançado mais de 20% na preferência do eleitorado, e Lula não pare de crescer nas pesquisas. Daí o aumento da perseguição, do jogo baixo. Daí a tentativa de encontrar alternativas para o dilema entre permitir que Lula seja candidato ou transformá-lo, definitivamente, em um mártir. Lula hoje representa um projeto de descontinuidade e reversão dos ataques impostos ao povo brasileiro. Lula 2018 é o projeto, e desde já essa tarefa está colocada para o PT e para todas e todos que queiram se somar a ele.
Mas o PT, sozinho, é incapaz de levar este projeto a cabo. Além das massas populares e suas organizações, que temos que conquistar disputando espaço milímetro a milímetro, temos que nos propor organizar uma frente que abranja todas as forças políticas e personalidades que estejam dispostas a defender a candidatura de Lula desde já. Defender o projeto Lula 2018 é postar-se contra Temer, os golpistas e seu programa neoliberal. Em âmbito nacional, há deslocamentos no âmbito de partidos políticos e suas personalidades que apontam no rompimento com o governo Temer e as forças golpistas e que requerem uma ação imediata por parte do PT. É o que ocorre com o PMDB em Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí; bem como com o PSB em Pernambuco e também na Paraíba, só tratando do Nordeste.
Não foi à toa que a caravana de Lula começou por aqui. Em Alagoas, uma das maiores expressões do PMDB nacional, Senador Renan Calheiros, vem se postando publicamente contra Temer e suas reformas e em defesa aberta de Lula. Tal qual o Senador, o Governo do Estado vem assumindo a mesma oposição e postura de aproximação ao projeto do PT para 2018, inclusive acenando claramente para que o Partido ocupe espaços dentro de sua estrutura.
Não estamos tratando de uma aliança eleitoral para 2018. Estamos em uma disputa encarniçada de projeto político e programático cujo seus maiores representantes, Lula e o PT, correm grande risco de serem aniquilados e, junto com eles, todas as esperanças do povo brasileiro que um dia aprendeu que pode sim ser feliz. Neste sentido é que o PT de Alagoas resolve em sua Executiva Estadual autorizar imediatamente as negociações para o retorno ao Governo de Renan Filho, com altivez, dignidade e respeito que são devidos ao Partido e seu legado, bem como iniciar uma ampla, democrática e responsável discussão sobre alianças visando o pleito de 2018.
Maceió/AL, 31 de Outubro de 2017.
Ricardo Barbosa
PRESIDENTE
PARTIDO DOS TRABALHADORES DE ALAGOAS
Fonte: Brasil247
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