Ex-presidente participou de ato organizado pela CUT-SP nesta segunda-feira (15), por ocasião dos 10 anos da Lei Maria da Penha
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia participaram nesta segunda (15), em Santo André (ABC Paulista), do Encontro das Mulheres e Militantes com Lula, para tratar sobre os avanços e desafios da Lei Maria da Penha, que completou 10 anos na última semana.
O encontro foi uma iniciativa da CUT-SP, por meio de sua Secretaria Estadual da Mulher Trabalhadora, e marcou o início da comemoração aos 30 anos da criação da Comissão da Mulher Trabalhadora na CUT.
Dona Marisa recebeu homenagem e apoio de militantes e sindicalistas, que se solidarizaram com a perseguição que ela vem sofrendo junto com a família.
Em seu discurso, Lula ressaltou a importância da lei para a luta das mulheres. “É um marco de como as mulheres têm que ser tratadas, aqui e em qualquer lugar do mundo”.
“Acabou o tempo, que deveria fazer parte da pré-história, em que a mulher era tratada como objeto de cama e mesa. A mulher não pode ser tratada como objeto. A mulher quer ter protagonismo dentro e fora de casa”, afirmou.
“Por isso, tenho orgulho de ter tido como sucessora a primeira mulher a presidir o Brasil. Que foi barbaramente torturada e chegou à Presidência sem ódio. Lamento profundamente que a elite brasileira não tenha dado conta de conviver com a diversidade.”
Lula falou ainda sobre quanto falta ser conquistado. “Sabemos que muitas vezes a mulher agredida tem vergonha de denunciar. E a gente tem que ter orgulho de ter coragem. Coragem de não permitir que um homem bata em uma mulher”.
Independência da mulher
Lula recordou do tempo em que procurava emprego no ABC e falou sobre a importância, para todo mundo, de se ter uma profissão, mas especialmente para as mulheres conquistarem sua independência.
“Porque a gente não pode admitir que uma mulher viva com um homem porque ela tem que ter um prato de feijão em casa. Não é normal e não é justo. Ela tem que ter um parceiro se ela quiser ter, não obrigada pelas condições econômicas, e sim porque ela quer”, afirmou.
Ele ainda recordou a história de sua mãe, Dona Lindu, que saiu de casa com oito filhos pequenos para não ter que conviver com um marido violento.
“As mulheres tem que estudar, se formar, ser médicas, enfermeiras, engenheiras, sociólogas, psicólogas. Para fazerem a opção que quiserem, na hora que quiserem e não depender do preconceito da sociedade ou da brutalidade de um companheiro. É esse mundo que estamos precisando construir. Por isso a educação e a formação é importante na nossa vida”.
Coração de mãe
O ex-presidente disse que sempre considerou que a melhor forma de governar um país é governar como um coração de mãe. “Porque não tem nada mais justo, nada que reparta mais. Mesmo que ela tenha dez filhos, ela vai cuidar sempre daquele que mais precisa dela”.
Lula comparou o papel da mãe com o do Estado. “Tem que governar para quem precisa. O povo mais pobre, o trabalhador, o pequeno produtor. Aquele que foi mandado embora, que não conseguiu pagar o aluguel, que está preocupado em como criar seu filho. É por isso que fizemos a política de inclusão social que fizemos”, afirmou.
Lula 2018
Falando sobre a perseguição que tem sofrido, Lula afirmou que não irá fraquejar.
“Não é primeira vez que tentam me destruir. Me parece que o objetivo principal deles é criar qualquer impedimento legal para que o PT não volte a governar este país. Que eu não dispute mais uma eleição. Mas eu aprendi a não ter ódio e aprendi a vencer tendo paciência”, afirmou.
Sobre o processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, ele lamentou.
“Estamos vendo esse golpe, e sabemos que eles não cassaram apenas a Dilma. Cassaram o voto de vocês, pois quiseram chegar ao poder por um atalho, sem eleição”.
“Mas eles podem fazer o que quiserem. Inventar o que quiserem. Eu tenho o orgulho de ter conquistado o direito de andar de cabeça erguida, por causa de vocês”, afirmou. “Eles que se preparem, quanto mais mentiras contarem ao meu respeito, mais eu vou crescer. E em 2018, nós vamos voltar a governar esse país através do voto democrático”, vaticinou.
E disse, em nome do povo brasileiro: “Nós não nascemos para bater palmas para a elite, nós queremos ser aplaudidos também”.
Lula disse sobre o que sentiu ao ver a abertura das Olimpíadas: “Me senti como no filme“Esqueceram de Mim”. Mas me dei conta que não existiria Olimpíada no Brasil se não fosse por mim”.
A escolha do Rio como sede olímpica aconteceu em 2009 em Copenhague, durante o segundo mandato do ex-presidente.
“Nós derrotamos Madri, Tóquio e os Estados Unidos”, lembrou. “Quando o Obama e a Michelle chegaram a Copenhague, alguns acharam que iríamos perder; mas eu tinha certeza que a gente ia ganhar”.
E ironizou: “Eu não fui na abertura das Olimpíadas… Mas o Obama também não foi”.
Ele contou da emoção de ter conquistado que os Jogos Olímpicos. “Quando aquele gringo falou ‘Rio de Janeiro’ eu poderia morrer ali, porque tinha realizado o sonho de trazer a Olimpíada para o Brasil”.
“Nós acabamos com o complexo de vira-lata desse país. De que tudo lá de fora presta, e nada nosso presta. Em 500 anos de história, o Brasil não foi mostrado ao mundo como foi nos últimos 30 dias. Esse país aprendeu a gostar de si próprio”.
Clique para ouvir a fala de Lula:
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do site lula.com.br
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