Os procuradores da Lava Jato concordaram que havia prática ilegal no caso envolvendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, mas tiveram medo de prejudicar aspirações do ex-juiz Sérgio Moro. A nova leva de conversas reveladas pelo site The Intercept Brasil neste domingo (21) revela como os procuradores agiram tentando desviar o foco das denúncias sobre o filho de Jair Bolsonaro (PSL).
O escândalo envolvendo o filho do presidente e o motorista Flávio Queiroz veio à tona em janeiro deste ano, quando foi revelada uma movimentação atípica nas contas do ex-assessor. A suspeita é de que ele organizava um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio à época deputado estadual do Rio de Janeiro.
As conversas mostram que os procuradores concordavam com a tese do Ministério Público, mas havia um problema: eles tinham medo que o escândalo prejudicasse as aspirações de Moro que, diferente do que tem afirmado, já pensava em uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em um grupo com outros procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, demonstra preocupação com o caso. “É óbvio o que aconteceu… E agora, José”.
“Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode implicar o rolo dos empréstimos?”. E acrescenta que “seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se tudo isso acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”
A medida em que os procuradores Athayde Ribeiro e Robson Pozzobon respondem, Dallagnol reconhece mais uma vez as irregularidades e começa a tratar estratégias para tratar o assunto publicamente.
“Em entrevistas, certamente vão me perguntar sobre isso. Não vejo como desviar da pergunta, mas posso ir até diferentes graus de profundidade. 1) é algo que precisa ser investigado; 2) tem toda a cara de esquema de devolução de parte dos salários como o da Aline Correa que denunciamos ou, pior até, de fantasmas”, afirmou Dallagnol em mensagem no grupo.
Leia a reportagem completa do site The Intercept Brasil
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