Em entrevista concedida ao Jornal Nacional nesta segunda-feira (22) , a presidenta da Petrobras, Graça Foster, respondeu às declarações da ex-gerente da estatal Venina Velosa da Fonseca, de que ela teria a alertado diretamente sobre irregularidades que teria percebido em 2008. Graça desmentiu que em qualquer momento a ex-gerente tenha realizado denúncias à diretoria sobre as tais práticas irregulares e que em nenhum momento ela citou a existência de corrupção, fraude ou cartel.
Na entrevista, Graça Foster disse que alguns e-mails de Venina a parabenizavam, pelo seu aniversário ou pela sua posse na presidência, e que um deles falava sobre a refinaria Abreu e Lima e um outro, “bastante emocionado”, tecia comentários “bastante cifrados” como sobre “projeto esquartejado”, mas em nenhum momento falava em corrupção, fraude, conluio ou cartel, “palavras muito simples de serem entendidas”, destacou a presidenta.
“Ela não fez uma denúncia. Aquele e-mail não foi uma denúncia”, destacou Graça Foster. “Logo que assumi a presidência, conversamos sobre vários desafios que eu tinha pela frente, e ela não fez nenhuma denúncia”, continuou. De acordo com ela, a conversa girou em torno, principalmente, de custos de projetos mais altos que o previsto, sobre o prazo desses projetos e as “atitudes necessárias para ir para outro caminho”.
Graça salientou ainda que Venina jamais realizou denúncias nas reuniões de diretoria em que ela esteve presente, nem enquanto a estatal era presidida por Sergio Gabrielli nem em sua gestão. Disse ainda que espera muito Venina tenha todos os documentos que ela afirma que tem, para ajudar a Petrobras e tudo o que é esperado com a Operação Lava Jato.
Venina disse na entrevista ao Fantástico que chegou a ser enviada à Cingapura, para ter o menor “contato possível com a empresa”, depois das supostas denúncias. De acordo com Graça Foster, no entanto, a ex-gerente esteve em Cingapura em dois momentos, uma com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, ocasião em que rompeu relações com este, e foi fazer uma pós. “Eles se desentenderam, eu não sei o porquê”. Depois, ela teria pedido para voltar à Cingapura, e foi, “com um salário muito bom”.
Questionada sobre o porquê do afastamento de Venina, Graça lembrou que a comissão interna apontou “algum nível de não conformidade” dos que foram afastados, mas que a estatal não tem as ferramentas que o Ministério Público e a Polícia Federal têm, como escuta telefônica para indicar conluio, má fé ou pagamento de propina, mas que as investigações internas apontaram que os procedimentos da companhia não foram seguidos à risca.
Sobre o apelo de Venina para que mais funcionários da Petrobras venham a público para denunciar irregularidades, Graça destacou que é preciso que os empregados da estatal enfrentem a situação com disciplina, determinação, e que usem a auditoria da Petrobras.
Após a entrevista, a Globo fez questão de ressaltar a “tréplica” da Venina que declarou ao JN que nunca usou a palavra corrupção, mas que, voltou a ressaltar, fez alertas sobre a “existência de irregularidades”, que nunca pediu para ir à Cingapura e que foi mandada para lá “por falta de opção no Brasil”.
Mais cedo, a presidenta Dilma Rousseff já tinha defendido a presidenta da Petrobras, Graça Foster, e questionou a pressão externa para que ela seja demitida. “A situação dela não é uma situação fácil. Ela recebe todos os dias uma pressão que poucas pessoas seguram – e ela segura, pelos compromissos que ela tem com a Petrobras. Acho que criou-se um clima sem apontar sequer uma falha dela. Mas só porque o clima está muito difícil para ela eu preciso tirá-la? Eu penalizo ela por algo que não é responsabilidade dela? A quem interessa tirar a Graça Foster? O que tem por trás disso? ”, questionou.
Fonte da Notícia: http://www.vermelho.org.br/noticia/255939-1
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