quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ezequiel é expulso da presidência do PTB e baiano assume legenda



O comando do Diretório Estadual do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) foi trocado no Rio Grande do Norte. O deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza, até então presidente estadual da legenda, foi destituído da função. Para o seu lugar, o Diretório Nacional do PTB nomeou o chefe de gabinete da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (SEDEC) do governo do Estado, o ex-suplente de vereador em Salvador Fábio Rodamilans Silva. A SEDEC é gerida pelo atual vice-presidente nacional do PTB, o ex-deputado federal pela Bahia Benito Gama.
A substituição do deputado estadual do RN pelo ex-suplente de vereador baiano no comando do diretório estadual do PTB seria uma intervenção nacional no diretório estadual da legenda e teria relação com a postura de oposição adotada por Ezequiel perante a gestão da governadora Rosalba Ciarlini. Aliás, uma posição coerente de Ezequiel, já que em 2010 ele apoiou a reeleição do ex-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) contra a candidatura da atual governadora Rosalba Ciarlini.
A vinda de Benito Gama para o governo do RN foi pesada politicamente. A destituição de Ezequiel, caso permanece por muito tempo na oposição, seria questão de tempo. Afinal, o governo conta com o vice-presidente nacional do PTB, partido que, em nível de Brasil, é comandado pelo delator do “Mensalão”, ex-deputado federal Roberto Jefferson, que foi cassado por quebra de decoro parlamentar, ao assumir sua participação no esquema.
Na arrumação do quadro eleitoral em Natal, o PTB optou pela coligação de apoio ao candidato do PMDB, Hermano Morais, mesmo sabendo que o candidato oficial da governadora Rosalba Ciarlini em Natal era Rogério Marinho, do PSDB. Na reta final para o fechamento das alianças partidárias na capital, houve um forte crescimento da coligação de Hermano, que atraiu PSC, PMN e PP, legendas com as quais Rogério negociava.
Diante do definhamento do seu palanque, Rogério entregou sua candidatura a Rosalba, afirmando que sem ao menos mais um partido não teria como ser candidato, já que sua candidatura dependeria especialmente do horário eleitoral no rádio e TV e o tempo que lhe restava não daria para ser um candidato competitivo.
A saída de Rogério da disputa seria prejudicial em Natal ao projeto político de Rosalba, que é a reeleição em 2014. Na avaliação do governo, com o tucano fora da disputa, dificilmente haveria segundo turno em Natal, já que o candidato do PDT, Carlos Eduardo Alves, desponta com a grande preferência do eleitorado e poderia ganhar a eleição no primeiro turno. E a vitória de Carlos Eduardo significaria a “ressurreição política” da ex-governadora Wilma de Faria (PSB), candidata a vice-prefeita na chapa do pedetista.
Wilma foi “expulsa” da política em 2010, quando perdeu a eleição para o Senado para os senadores José Agripino (DEM) e Garibaldi Filho (PMDB). Neste momento, houve uma articulação envolvendo o PMDB, o DEM e o PTB: O PMDB “abriria mão” de ter o PTB para robustecer o palanque de Rogério, bastante enfraquecido diante de um palanque já fortalecido de Hermano.
Assim foi feito. Um dia antes do vencimento do prazo para o fechamento das coligações, o PTB nacional interveio no sentido de o partido em Natal coligar-se com o candidato do PSDB, Rogério Marinho. A medida desfez a orientação do então presidente estadual.
O PTB, que já havia anunciado apoio a Hermano, voltou a atrás e foi anunciado como apoiador de Rogério no dia da convenção do PSDB. “Se nós não trouxéssemos o PTB, a candidatura de Rogério ficaria em desvantagem no tempo de rádio e TV. Por isso, que foi feita essa articulação”, afirmou uma fonte que acompanhou o processo.
Benito Gama
O vice-presidente nacional do PTB, secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte, Benito Gama, minimizou a troca de comando do partido no estado. Ele disse que a comissão provisória que tinha o deputado estadual Ezequiel Ferreira como presidente venceu e para o seu lugar foi criada outra comissão, com a exclusão do parlamentar estadual. “Nesse caso, a executiva nacional indicou. O novo presidente entrou para organizar o partido e depois sai. Venceu a provisória e não renovou”, disse Benito.
Embora seja vice-presidente nacional do PTB, Benito disse desconhecer o motivo pelo qual Ezequiel não foi renovado como presidente estadual da sigla. “Não sei. É um bom quadro do partido, deputado estadual, mas não conversei com ele ainda não”, afirmou, acrescentando que se tratou de uma “posição de partido nacional”. Para ele, fato de ser vice-presidente nacional, neste caso, não passa de uma “coincidência”.
“O partido vai organizar em todo o Brasil. Alguns diretórios. Dois ou três estados estão passando por isso”, continuou, negando que o fato de ser oposição pesou para Ezequiel deixar a direção. “Ezequiel inclusive apoia o governo”, disse Benito. “Votou mais com o governo do que contra. Só votou contra no início”, acrescentou.
Apesar dessa declaração, em seguida ele afirmou que entre os motivos para a não renovação do comando do PTB potiguar está o fato de que o partido não teve votos na campanha passada para deputado federal. “Na eleição passada não teve voto para deputado federal e o partido quer trabalhar para ter um deputado federal no RN”, afirmou.
Indagado se o PTB passa a fazer parte da base de apoio do governo Rosalba Ciarlini, Benito disse que ainda vai conversar com o novo presidente, que é seu chefe de gabinete na SEDEC, sobre este tema. “Eu vou conversar com o novo presidente, para saber dele. Em princípio, vai, não vejo que seja diferente”.
FONTE: JORNAL DE HOJE