A droga antimalárica hidroxicloroquina não beneficiou pacientes não hospitalizados com sintomas leves da Covid-19 que foram tratados no início da infecção, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (16) na revista médica Annals of Internal Medicine.
Cientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, começaram o estudo em 22 de março para verificar se o medicamento poderia diminuir a gravidade dos sintomas e impedir a hospitalização. Este foi o primeiro ensaio clínico randomizado a estudar a hidroxicloroquina em pacientes da Covid-19 que não foram hospitalizados.
O estudo foi feito em 491 adultos nos Estados Unidos e no Canadá. Metade dos pacientes recebeu um tratamento de hidroxicloroquina por cinco dias e metade dos pacientes recebeu cinco dias de um placebo. Os adultos foram inscritos nos primeiros quatro dias após a notificação dos sintomas e 56% foram incluídos no estudo no primeiro dia em que relataram algum sintoma.
No final de duas semanas, os pesquisadores descobriram que não havia vantagem em tomar o medicamento. Cerca de 24% do grupo medicado com hidroxicloroquina teve sintomas que persistiram por 14 dias, em comparação com os 30% que tomaram o placebo. As hospitalizações foram quase as mesmas — 2% das pessoas no grupo da hidroxicloroquina foram hospitalizadas, em comparação com os 3% que tomaram o placebo. A taxa de mortalidade foi idêntica para os dois grupos, em 0,4%.
Além disso, o estudo concluiu que 43% daqueles que tomaram hidroxicloroquina tiveram efeitos colaterais, em comparação com os 22% que tomaram um placebo. Sintomas gastrointestinais foram os efeitos colaterais mais comumente relatados.
O estudo também descobriu que não houve benefício entre as pessoas que tomaram zinco ou vitamina C junto com o placebo ou com a hidroxicloroquina.
“Em conjunto, não há evidências convincentes de que a hidroxicloroquina possa prevenir a Covid-19 após a exposição ou reduzir a gravidade da doença após o desenvolvimento de sintomas precoces”, disse o autor do estudo, dr. Caleb Skipper, em comunicado.
“Embora decepcionantes, esses resultados são consistentes com um corpo emergente de literatura de que a hidroxicloroquina não transmite um benefício clínico substancial em pessoas diagnosticadas com Covid-19”, disse Skipper.
O presidente americano Donald Trump chamou a hidroxicloroquina de “um divisor de águas” para o tratamento de pacientes com a Covid-19, e disse que tomou o medicamento mesmo sem contrair a doença para prevenir infecções.
A agência regulatória dos EUA revogou a autorização de uso emergencial da hidroxicloroquina e da cloroquina para o tratamento da Covid-19, dizendo que é improvável que os medicamentos sejam eficazes no tratamento do vírus com base nas mais recentes evidências científicas. Os Institutos Nacionais de Saúde americanos anunciaram no mês passado que estavam interrompendo seu ensaio clínico de hidroxicloroquina para pacientes com coronavírus.
(Texto traduzido, leia o original em inglês)
Fonte: Agora RN
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