“O pedido de demissão de
Pedro Parente é um duro golpe no golpe. Ele foi indicado pelo PSDB, que tem uma
relação umbilical com o setor que quer entregar o patrimônio público da
Petrobras. Foi o PSDB que criou toda aquela onda de privatizações.” A opinião é
do coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel,
sobre a queda do agora ex-presidente da Petrobras.
Embora concorde com a
avaliação de que “nada vai mudar” se continuar a política
implementada por Parente na estatal, como os preços dos
derivados de petróleo ancorados no mercado internacional, o dirigente considera
a demissão significativa. “Não tem muita gente que tenha as bênçãos do mercado
financeiro para levar adiante todo esse entreguismo que estava sendo tocado na
Petrobras”, disse à RBA.
Parente afirmou em sua
carta de demissão que “os resultados obtidos revelam o acerto do conjunto das
medidas que adotamos, que vão muito além da política de preços”. Segundo ele,
“a Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada”.
Para Rangel, “a greve
dos verdadeiros caminhoneiros foi um convite para ele sair, porque desnudou a
política de preços dos derivados”. O coordenador da FUP destaca que mesmo
prejudicada em seu trabalho, e apesar do massacre midiático, 87% da população
brasileira apoiou a greve. “Eles conseguiram levantar o tema, e nós da FUP
conseguimos qualificar esse debate e demonstrar com números e com exemplos o
quanto essa política foi nociva para o povo brasileiro. O Pedro Parente sentiu
o baque e pediu pra sair.”
Porém, o dirigente
alerta: “Temos que continuar na ofensiva, não podemos descansar. Agora só falta
o ilegítimo (o presidente Michel Temer)
cair, e vamos continuar trabalhando pra isso”.
Em vídeos postados no
Facebook, as deputadas federais Maria do Rosário (PT-RS) e Jandira Feghali
(PCdoB) comentaram a queda de Parente. “A demissão foi uma vitória do povo
brasileiro, mas isso não quer dizer que vai mudar a política de preços da
Petrobras. Essa é a pressão que deve se seguir”, enfatizou Jandira.
Ela anunciou uma ação
popular a ser ajuizada na semana que vem contra a política de preços dos
derivados de petróleo. “O presidente Temer está na lona. Sem autoridade, sem
competência. Para acabar com a greve, ele prometeu uma isenção de tributos que
vai recair
sobre as costas do povo brasileiro.”
Para Maria do Rosário,
“Pedro Parente é uma figura conhecida do governo Fernando Henrique Cardoso como
responsável pelo apagão das elétricas. Agora vai para história mais uma vez,
como num daqueles filmes de terror antigo, e volta para nos colocar no apagão
de combustíveis”, afirmou a petista.
Jandira lembrou que, em
sua carta de renúncia, Parente afirmou ter cumprido sua missão. “Me sinto
autorizado a dizer que o que prometi, foi entregue”, escreveu Parente na carta.
“De fato, ele entregou o Petróleo ao capital internacional. Esse cidadão fez da
Petrobras uma agência a serviço das empresas americanas e estrangeiras, que
vendiam ao preço do dólar os produtos extraídos no Brasil.”
Para Jandira, a demissão
não significa que o governo mudará a sua política. “É a fragilização dessa
política, mas ainda não é a mudança.”
Parente disse ainda que
a greve dos caminhoneiros e suas consequências “desencadearam um intenso e por
vezes emocional debate” e defendeu sua política de preços dos combustíveis.
“Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia
global, com seus efeitos no país”, declarou o tucano.
Maria do Rosário também
ressaltou que o fim de Parente no comando da estatal deve ser seguido de uma
mudança na condução da Petrobras e do setor, ao invés de se cortar mais ainda
das políticas sociais, como resolveu o governo Temer. Ela propõe a redução da
margem de lucro sobre diesel, gasolina e gás, ao invés de se reduzirem os
gastos sociais. Segundo consultoria da Câmara dos Deputados citada pela parlamentar,
a margem de lucro é de cerca de 150%.
“Quem paga a conta é o
povo brasileiro. Pedro Parente pediu demissão depois de aumentar a gasolina
mais uma vez. A gasolina não baixou de preço, o preço do gás de cozinha
continua absurdo e além disso a população segue pagando o desmonte da educação,
saúde e direitos fundamentais”, disse a petista.
Para Jandira, a crise
dos combustíveis e a queda de Parente podem ter servido a um fim didático.
"Acho que agora caiu a ficha do povo brasileiro. Não é possível
que as pessoas não entendam o que foi e para quê esse golpe."
Fonte: CUT
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