Lula é um homem de fé
e de religião. E a missa em homenagem à sua esposa, D. Marisa Letícia, na manhã
deste sábado (7), minutos antes de anunciar que irá cumprir a decisão judicial,
deixou expresso os valores e ideais que formam o homem, o nordestino, o retirante,
o metalúrgico e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A celebração desta
manhã foi marcada por falas pedindo paz, mas também resistência contra a
injustiça do Poder Judiciário que condenou um inocente. Os pedidos de liberdade
para Lula, um preso político, como ressaltou em nota a executiva nacional da CUT, também foi
uma marca da celebração.
Dom Angélico Sândalo
disse que não se tratava de um ato político, mas de uma súplica pela paz,
justiça, misericórdia e solidariedade. A ex-presidenta Dilma Rousseff também
falou em paz e luta por justiça.
Já Lula disse que a
história mostrará que os culpados são os que o condenaram e que quanto mais
dias ele ficar preso, mais Lulas nascerão no país inteiro. Ele vai cumprir a
ordem judicial de cabeça erguida e sair de peito estufado, como ressaltou,
porque vai provar a sua inocência.
Clamando pela paz, dom
Angélico Sândalo disse que “esse é o maior valor que nós podemos defender“.
“Estamos reunidos para
expressar o amor fraterno. Temos a certeza absoluta que o amor fraterno vencerá
o ódio”, disse, enquanto as pessoas se emocionavam com as orações e músicas
escolhidas pelo próprio Lula para marcar este dia que entrará pra história do
Brasil.
A ex-presidente Dilma
Rousseff também falou na paz. Ao ler a oração de São Francisco de Assis,
ressaltou que Lula sempre se inspirou nos valores de paz e justiça para fazer
tudo o que fez pelo país.
“Essa é uma oração de
paz, que hoje, mais do que nunca, mostra que nós somos da paz. Não somos nem da
injustiça e nem do ódio”, ressaltou.
Nesse momento, as
milhares de pessoas que acompanhavam o ato ecumênico perceberam o que seria
anunciado em instantes. Um dos padres presentes na celebração, amigo da família
e que conheceu e conviveu com D. Marisa Letícia, registrou que “nenhuma prisão
prende a mente e os ideiais de um cidadão”.
E assim mandou seu
recado final ao Lula: “continue a entregar a sua vida na busca da paz e da
justiça. Que Jesus o proteja e seja a sua força”.
Lula, sereno e
tranquilo, olhou para o céu e sorriu. Sabia que era chegada a hora de anunciar
sua decisão e falar pela primeira vez, desde o início da vigília na
quinta-feira (5), com o povo, que não parava de demonstrar sua gratidão e
reconhecimento à maior liderança política desse país.
No dia 7 de abril de
2018, exatos 38 anos após a sua prisão pelo regime militar por liderar uma
greve em massa dos metalúrgicos do ABC, Lula, ao lado de amigos que nunca o
abandonaram, no mesmo Sindicato que foi a sua escola e berço das lutas
democráticas da década de 1970, anunciou que cumpriria a ordem judicial.
“Eu vou atender ao
mandado deles porque eu quero fazer a transferência de responsabilidade. Eles
acham que tudo o que acontece nesse país é por minha causa. E eles vão
descobrir pela primeira vez o que tenho dito todo dia: o problema desse país
não se chama Lula, mas a consciência do povo que tem as ideias de Lula plantada
nas mentes e corações”, disse.
O ex-presidente lembrou aos que
querem calá-lo para sempre que não tem como se prender ideais porque eles se
multiplicam entre as pessoas que querem justiça e direitos.
"Minhas ideias estão pairando
no ar, não há como prendê-las. Não adianta acharem que vão fazer com que eu
pare, eu não pararei porque não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia",
disse, ao ressaltar que há milhões de Lula dispostos a andar por ele neste
país.
A morte de um
guerreiro não acaba com a revolução
- Lula
Lula também falou
sobre a condenação injusta, sem provas nem crimes, imposta pelo juiz Sérgio
Moro e confirmada pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), no caso do
tríplex do Guarujá.
“Sou o único ser
humano que sou processado por um apartamento que não é meu”, ressaltou, ao
registrar que, ao contrário daqueles que o perseguem por convicções e não
provas, ele dorme com a consciência tranquila.
Lula destacou que
nunca foi contra a Lava Jato, mas que ele não pode aceitar que a Justiça
condene com base na pressão feita pela Rede Globo, que tem mais de 70 horas de
programação contrárias ao ex-presidente.
“Um juiz não pode
condenar uma pessoa pela imprensa para depois julgar e condená-la
judicialmente. Quem quiser votar com base na opinião pública, largue a toga e
vá ser candidato a deputado”.
Ao contrário das
acusações nunca provadas, Lula ressaltou que seus crimes foram as oportunidades
que seus governos proporcionaram a parcela mais pobre da sociedade, que nunca
tinha tido a oportunidade de entrar numa universidade ou comer carne de
primeira.
“Se for por esses
crimes, de colocar pobre na universidade, fazer pobre viajar de avião, ter
oportunidade a mais de uma refeição por dia e ter o sonho da casa própria,
então eu vou continuar sendo criminoso nesse país, pois vou continuar fazendo
muito mais”.
Lula encerrou sua
mensagem para a militância com um poema que ele ouviu de uma menina de 10 anos,
em 1972.
Os poderosos podem
matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da
primavera. E a nossa busca é pela chegada da primavera
- Lula
“Quero que saibam que
sairei dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e mais inocente”, disse, ao
acrescentar: "esse pescoço aqui não baixa, a minha mãe já fez esse pescoço
curto pra não baixar. Eu vou sair de lá de peito estufado e cabeça erguida"
Fonte: CUT
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