domingo, 22 de outubro de 2017

Outubro Rosa: câncer de mama afeta 57 mil mulheres no país, indica Inca

Este ano, são estimados cerca de 57.960 diagnósticos de câncer de mama em mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Este é o tipo de câncer que mais incide sobre as mulheres no país — perde apenas para o câncer de pele não-melanoma. Em 2015, foram registradas 15.403 mortes decorrentes da doença. Apesar dos números, a boa notícia é que o câncer pode ser vencido. E este mês, com a campanha Outubro Rosa, o momento é mais do que propício para se falar sobre o assunto.
O diagnóstico precoce é o primeiro passo para se eliminar o câncer. Quando identificado em seus estágios iniciais, a chance de cura é maior. A idade ainda é um fator de risco a ser considerado, especialmente após os 50 anos. O uso de terapia de reposição hormonal, a obesidade pós-menopausa, o tabagismo e o consumo frequente de bebidas alcoólicas, mesmo em doses moderadas, estão conectados ao risco de desenvolvimento do câncer de mama.
Mulheres sem filhos ou cuja primeira gravidez aconteceu após os trinta anos também têm mais chances de desenvolver a doença. “Quanto mais tempo a mulher amamentar, maior é a proteção. Nenhum desses fatores faz com que a mulher seja considerada como pertencente a um grupo de alto risco para desenvolvimento do câncer de mama, mas em termos populacionais contribuem para o aumento da incidência”, explica Arn Migowski, médico epidemiologista e chefe da Divisão de Detecção Precoce de Câncer do INCA. “Recomendamos o consumo de, pelo menos, cinco porções diárias de frutas, legumes e verduras como estratégia de prevenção”, acrescenta.
Existem três maneiras de se detectar e combater o câncer de mama. A primeira é a redução da incidência da doença (a prevenção), a segunda é a detecção precoce e, por fim, o acesso ao tratamento.
A detecção precoce deve ser dividida em duas etapas: rastreamento e diagnóstico precoce. O rastreamento deve ser feito uma vez a cada dois anos em mulheres com idades entre 50 a 69 anos. E o diagnóstico precoce ajuda no alerta para que aquelas pacientes que já apresentam predisposição à doença fiquem atentas.
“O diagnóstico precoce ajuda que tenham acesso facilitado à consulta médica para avaliação e, nos casos necessários, tenham investigação diagnóstica no menor tempo possível e com qualidade. Os exames de rotina não substituem essas estratégias voltadas às mulheres sintomáticas”, alerta o especialista.

Autoexame

A maior parte dos cânceres são descobertos em situações cotidianas. Não existe uma técnica padrão, mas é necessário que a mulher conheça seu próprio corpo. Além disso, há os sinais de alerta que indicam uma possível presença do câncer.
“Todo caroço (nódulo) na mama em mulheres com 50 anos ou mais deve ser examinado pelo médico, pois é o principal sinal suspeito de câncer de mama. Geralmente esses nódulos não vêm acompanhados de dor. Mulheres com menos de 50 anos devem saber que seus nódulos geralmente representam alterações benignas das mamas, mas, mesmo assim, nódulos mamários que persistam por mais de um ciclo menstrual devem ser investigados”, adverte o médico.
Outros sintomas comuns que indicam a existência do câncer nas mamas são: caroço na região embaixo dos braços (axilas), alterações na forma do bico do peito (mamilo) e saída de líquido pelo bico do peito apenas de um lado e sem que a mulher tenha apertado a mama, especialmente se tiver sangue ou for transparente.
Carolina Chedier, que com apenas 37 anos teve que enfrentar o câncer de mama / Foto: Arquivo Pessoal
Foi numa dessas situações cotidianas que a carioca Carolina Chedier, então com apenas 37 anos e mãe de uma menina de dois anos, descobriu a doença. Um dia, ao amamentar a filha, Carol sentiu um caroço em seu seio esquerdo bem pequeno, do tamanho de um grão de arroz. Algum tempo depois, porém, o caroço estava diferente — e maior.
“Levei uma cabeçada da minha filha no seio esquerdo e ao apalpá-lo, senti novamente o caroço, mas desta vez ele já estava do tamanho de um grão de feijão. Comecei a fazer todos os exames para investigar o que era. Em fevereiro de 2015, recebi uma ligação da minha médica dizendo que queria me ver. Fui à consulta sabendo que seria uma das piores notícias que alguém poderia ter: estava com câncer de mama”, lembra.
Carolina, então, passou por uma cirurgia no seio para retirar o caroço. Teve que tomar um remédio para seu leite secar, pois amamentar poderia atrapalhar em sua recuperação pós-cirúrgica. Além disto, ela teve que mudar para a casa da irmã, pois não poderia por um tempo pegar a filha no colo.
Após o processo cirúrgico, Carolina fez cinco sessões de quimioterapia e vinte e cinco de radioterapia. “Essas foram mais difíceis. Ficava muito cansada e até hoje minha pele do seio e da axila ainda sentem os efeitos da queimadura. Sigo em frente com o tratamento hormonal que ainda levará 8 anos”, recorda.
Hoje, Carolina segue firme no tratamento, mas como descobriu a doença em seus estágios iniciais, não houve a necessidade da retirada total da mama. “Fiz uma segmentectomia de mama [trata-se da retirada parcial da mama]. Não só por estar no início, mas também pelo tipo do tumor”, conta.
Por isso, a mulher deve ficar atenta aos sinais que seu corpo invariavelmente enviará quando algo estiver errado. “Não é preciso aprender uma técnica padrão de autoexame. É importante que a mulher conheça seu próprio corpo e o que ocorre nas mamas ao longo da vida. Elas devem conhecer também os sinais de alerta”, orienta Migowski.

Câncer de mama nos homens

Homens também podem ser acometidos pelo câncer de mama. São, porém, casos raros: cerca de 1% de todos os casos destes tipos de câncer acontecem com homens. Os sintomas são muito parecidos com as mulheres: vermelhidão da pele da mama ou do mamilo, inchaço ou nódulos nas axilas e pele enrugada ou ondulada.
Fonte: Canção Nova

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