Por Dinarte Assunção e Ilana Albuquerque
O candidato do PT à Prefeitura de Natal, deputado estadual Fernando Mineiro, defende como a mais urgente das reformas para a cidade a integração entre os serviços da máquina pública.
Para o parlamentar, Natal precisa ainda de um modelo efetivo de orçamento participativo. “E não esse arremedo que vemos hoje”, alfineta.
Em entrevista ao portalnoar.com, ele ainda defendeu seu partido, que passa por desgasta com acusações da Lava Jato, e reconheceu as falhas da legenda ao não promover a reforma política conforme a seguinte entrevista:
Portal No Ar: Aproveitando essa metalinguagem [antes da entrevista, o assunto era a imprensa], pergunto o que o senhor acha do trabalho da imprensa no Estado.
Fernando Mineiro: É uma cobertura mais ideológica. Todo mundo tem lado. Neutro só sabão em pó. Jornalismo tem lado. A imprensa no Brasil tem lado e tem demonstrado isso de maneira clara, mas faz parte do jogo de classes. Tem pessoas que fazem a cobertura sem ser isento buscando mais informar. É de nossa cultura e como os meios de comunicação se formaram no Brasil.
Mas o senhor se sente perseguido?
Eu tenho um certo privilégio porque minha relação com os jornalistas é muito transparente. Nunca passei off, tudo que falo eu assumo claramente. Não sou boa fonte por que não passo off. Qualquer jornalista mesmo que discorde de mim sabe de minhas posições.
Um recente debate levantado em outras cidades é que candidatos do PT estão querendo se afastar da identidade visual do partido. Aqui, observei que suas inserções não utiliza o nome da legenda.
Estou querendo me aproximar mais. Na minha convenção eu trouxe a estrela maior, o Lula. Se tem uma coisa que faço na minha vida é assumir posições. No nosso material tem o 13, nosso número. Ninguém se relaciona comigo na política sem saber minhas posições. Eu tenho minhas posições mesmo que as pessoas não gostem de mim. Também chamei a Dilma, mas ela não confirmou.
Outro dia um release de sua campanha anunciava que Mineiro iria trazer para Natal o modo do PT governar. Em tempos de desgaste para o partido, não deixei de relacionar aos escândalos de corrupção.
Um determinado setor da imprensa tenta colar na testa do petista a questão da corrupção. E isso tem aceitação de certos setores da sociedade, alguns por desinformação outros por má fé. O PT representou um novo e realizou esse novo ao transformar a base de renda do Brasil. Teve muita coisa bacana, teve inovações, como o orçamento participativo. Esse novo surgiu e foi se alastrando, mas também foi contaminado pelo velho, como o financiamento de campanha. O primeiro governo de Lula tinha peso para a gente bancar a reforma partidária. O PT se acomodou nesse modelo e isso foi a nossa tragédia. As alianças têm seus contrapesos. Um dos grandes erros do PT foi não ter apostado na reforma partidária. Os meios de comunicação foram outro erro. Em todo o mundo se discute a regulação da propriedade, o PT não fez. Mas o partido é tão vigoroso e bacana que, não à toa, é o partido que mais atrai novos filiados.
A despeito de toda a crítica que o senhor faz, o prefeito tem larga vantagem sobre os demais candidatos, conforme apontam as pesquisas. A que o senhor atribui esse favoritismo?
Mesmo quando se noticia problemas da cidade não se associa à gestão. Se fala sobre a saúde em Natal, e não se aponta culpa e responsável. Não tem pai nem mãe. É uma série de questões. A Micarla é uma das grandes responsáveis pela gestão de Carlos Eduardo. Ele quer usar de novo a Micarla como cabo eleitoral. Tem um modus operandi. E a máquina pública de Natal tem um terço dos votos. Mesmo quando você estimula o eleitorado, se chega a quase 50% que não tem definição sobre o voto.
Como o senhor pretende governar Natal e dialogar com a Câmara de Vereadores ao mesmo tempo em que critica o modelo atual de política baseado nas alianças tradicionais?
Minha suspeita e previsão é que o quociente eleitoral vai cair muito porque pela ultima pesquisa que vi tinha muito indeciso. Espero em renovação na Câmara. Nosso programa será motivar a sociedade com outro modelo de administração, que discuta a cidade. Se eu não posso atender todas as demandas, quero fazer valer o orçamento participativo. Natal não tem plano de desenvolvimento da cidade. Vamos criar esse plano, para que se siga esse plano, independentemente da gestão do momento.
Há ainda a dificuldade de um eventual governo do PT não ter acesso a Brasília, comandada pelo PMDB de Michel Temer.
Ontem eu estava estudando a questão da segurança. Eu gosto de estudar as cidades. Se acontece em tal cidade por que não em Natal? Isso é o que me move. Eu estudo as cidades do porte de Natal. A maior parte dos recursos das prefeituras são recursos constitucionais, e há convênios obrigatórios. As experiências mais exitosas acho que foram nos anos 90 e o governo federal não era forte junto às cidades. A questão mais urgente é a defesa da democracia. É preciso que Natal eleja pessoas que façam frente a isso.
Que reformas o senhor vê como mais urgentes para Natal?
Integrar as secretarias. Temos um capítulo sobre gestão e democratização. Em Natal é cada um no seu quadrado. Você não vê integração entre saúde e educação, política urbana e transporte, você não vê. Não quero inventar a roda. Vamos tentar levantar o que existe. Queremos otimizar. Não estamos inventando nada. Temos uma gama de trabalhos nos bairros. Quero otimizar o que existe. A gente precisa ter rigidez. O portal da transparência de Natal é um dos piores do Brasil. Como a gente vai pagar imposto em Natal se o cidadão não vê devolução?
Por fim, por que o natalense deveria votar em Fernando Mineiro?
Temos condições, junto com nossos vereadores, e pessoas que se engajaram, temos um bom projeto para a cidade. É uma coisa trabalhosa, fazer coisas que a cidade… Natal é uma cidade muito moderna e cosmopolita, mas a gestão é coisa de capitanias hereditárias. É muito triste a cidade com toda essa modernidade, em termos de sociedade civil, ainda viver extremamente atrasada.
FONTE: Portal No Ar
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