O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu da Procuradoria Geral da República (PGR) uma série de pedidos de abertura de inquérito contra políticos com prerrogativa de foro como parte das investigações da operação Lava Jato. Um dos pedidos da PGR foi contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
A base dos pedidos é a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). A decisão de determinar a abertura dos inquéritos está com o ministro do STF Teori Zavascki. Se o ministro acolher o pedido, o senador Aécio Neves passa a ser oficialmente investigado. Há duas linhas de apuração contra Aécio: suspeita do recebimento de propina de Furnas e fortes indícios de maquiagem nos dados do Banco Rural para esconder o mensalão do PSDB.
Além de Aécio, a PGR pediu abertura de inquérito também contra o tucano Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder do partido na Câmara dos Deputados, investigado no envolvimento do Banco Rural porque sabia que os dados estavam sendo maquiados, de acordo com o depoimento de Delcídio Amaral.
Há mais políticos citados no pedido da PGR, todos senadores do PMDB. São eles: Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA), Valdir Raupp (RO) e Renan Calheiros (AL). A suspeita é de recebimento de propina de obras na hidrelétrica de Belo Monte. Sobre eles, o pedido é para que os fatos sejam distribuídos nos inquéritos já existentes contra esses senadores, sem a abertura de um procedimento específico novo.
O escândalo de desvio de dinheiro público para a suposta constituição de um caixa 2 para irrigar campanhas do PSDB nas eleições de 2002 ficou conhecido como a lista de Furnas, nome da estatal que foi usada como fonte dos recursos. Em valores atualizados, o montante desviado chegaria a R$ 108,2 milhões das Furnas Centrais Elétricas S.A.
Segundo os indícios investigados até agora, a operação nasceu de licitações superfaturadas de Furnas, em contratos com empresas terceirizadas. Com cinco páginas, a lista de Frunas trazia nomes de 156 políticos com os respectivos valores que teriam recebido do dinheiro desviado. Além de Aécio, também apareciam os nomes dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin.
Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o doleiro Alberto Youssef afirmou que Aécio Neves, à época candidato ao governo de Minas Gerais em 2002, foi um dos que receberam dinheiro de Furnas e que a Polícia Federal e a PGR deveriam investigar as suspeitas. “Confirmo por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele”, afirmou Yousseff sobre o senador mineiro.
Em depoimento ao juiz Sério Moro, o delator Fernando Moura disse que Aécio controlava as propinas de Furnas. “É um terço [das propinas] São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”, relatou Moura, sobre reunião de 2002 que escolheria as indicações para a diretoria de estatais.
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Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Folha de S.Paulo”
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