Desde que a presidenta Dilma Rousseff foi afastada pelo golpejurídico parlamentar em maio de 2016, até o mês de abril de 2018 o preço médio da gasolina no Brasil aumentou 14,73% e o preço médio do diesel aumentou 13,76%. Já o gás de botijão aumentou 25%. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, baseados em um levantamento em postos de todo o Brasil.
A gasolina subiu de uma média de R$ 3,67 por litro em maio de 2016 para R$ 4,25 em abril de 2018 e um pico de R$ 7 por litro em alguns postos neste mês de maio. No final de abril, o diesel já beirava os R$ 5 na região norte.
Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgados nesta quarta-feira (23), mostram que a gasolina subiu 18,97% no acumulado em 12 meses até abril. O combustível para veículos de carga teve alta de 17,35%.
Frente a esses aumentos, caminhoneiros de todo o país iniciaram atividades de greve e paralisação na segunda-feira (21), afetando linhas de produção e abastecimento em todo o país. Em algumas cidades a greve chegou a atingir o transporte público, fazendo com que frrtas fossem diminuídas por falta de abastecimento. Aeroportos já estão com voos atrasados por falta de combustível para as aeronaves.
A Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) pede a eliminação da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), além de mudança na política de reajuste de preços, que na avaliação da categoria deveria ocorrer apenas a cada 90 dias.
O golpista Temer tentou negociar sem sucesso e mandou a Petrobras reduzir os preços da gasolina em 2,08% e os do diesel em 1,54% nas refinarias a partir desta quarta. Porém, a categoria ignorou o aceno e decidiu manter a paralisação.
Entenda o aumento de preços
Desde que Pedro Parente assumiu a Petrobras em 2016, a político de preços de combustíveis foi alterada para agradar aos investidores. A capacidade de refino no Brasil foi diminuída para apenas 70% e agora a Petrobras exporta boa parte do petróleo cru para importar os combustíveis já beneficiados.
Com o governo de Temer, nos primeiros 10 meses de 2017 a importação de gasolina alcançou US$ 1,5 bilhões, um crescimento de 93% se comparado a 2016. Gasolina e diesel já correspondem a 26% de todos os produtos estadunidenses vendidos ao Brasil, com uma diminuição da participação da Petrobras no mercado interno de combustíveis.
Impactos da greve
Além das principais montadoras de veículos do país (GM, Ford e Fiat), a indústria alimentícia também está sofrendo os impactos da greve dos caminhoneiros. A Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA) disse que oito fábricas de carne suína e de aves do Brasil já estão paradas.
Em nota oficial, a entidade disse que os bloqueios impedem o transporte de aves e suínos vivos, ração e cargas refrigeradas destinadas ao abastecimento das gôndolas no Brasil ou às exportações. “A continuar este quadro, há risco de falta de produtos para o consumidor brasileiro”, alertou a ABPA, que na mesma mensagem disse compreender e apoiar os motivos da paralisação.
Já a Inframerica, concessionária do aeroporto de Brasília, disse em nota à imprensa que o abastecimento de aviões está afetado e lamentou o transtorno que “a situação pode gerar aos passageiros”. De acordo com a concessionária, a frota de caminhões que leva o querosene de avião (QAV) para o terminal estava retida no entorno do Distrito Federal.
Rede de solidariedade
Os mais de 300 mil caminhoneiros paralisados em todo o País se comunicam e enviam áudios e vídeos dos bloqueios e paralisações por meio de mensagens em grupos de WhatsApp e outras redes sociais. Em questão de segundos, um bloqueio do Rio Grande do Norte recebeu o apoio imediato da categoria que está no sul do país, por exemplo.
Diversos grupos foram formados para que as ações de protesto sejam todas registradas pelos próprios caminhoneiros, que estão usando a ferramenta como uma maneira de se proteger de possíveis acusações, divulgar a união da categoria e informar familiares e amigos sobre a situação das estradas em tempo real.
As redes também estão servindo para mostrar a solidariedade que a população demonstra aos grevistas. Em alguns pontos, como em Minas Gerais, os caminhoneiros estão recebendo apoio de empresas que oferecem desde pizza e água até a garantia de banho aos motoristas em greve.
Nesta manhã, os agricultores familiares da Fetraf-MG, que estavam a caminho de São Paulo, pararam na estrada para apoiar a paralisação dos caminhoneiros.
Apoio da CUT
Em nota, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que a Central apoia a greve e que o objetivo dos aumentos nos preços dos combustíveis, feitos pelo governo Temer, é privatizar a Petrobras.
“Os aumentos nos preços dos combustíveis tornam inviáveis ao trabalhador caminhoneiro prover o seu sustento e o da sua família, já que o valor do frete não cobre os reajustes diários e diminui o valor do salário dele”, denunciou o dirigente.
Da redação da Agência PT de notícias, com informações da CUT
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